Este trabalho teve como objetivo geral analisar a utilização do milho para produção do etanol pela USIMAT e seus impactos sociais, econômicos e ambientais no município de Campos de Júlio-MT, provocados pela utilização do milho na destilaria de cana-de-açúcar. Foi desenvolvida uma pesquisa quantitativa e qualitativa de estudo de caso, utilizando-se entrevista semiestruturada com agentes-chave do setor. Os dados levantados indicam que, do ponto de vista econômico, a integração da destilaria de cana-de-açúcar com a cadeia do milho é uma alternativa viável para agregar valor ao milho produzido dentro do Estado. Além disso, o processamento do milho pela destilaria estimula outras cadeias produtivas da área de estudo, como a do eucalipto, energia elétrica e as da pecuária (bovinos, suínos e aves). No geral, houve melhoria nos indicadores econômicos do município, como o PIB e a taxa de emprego do setor industrial, já que a destilaria é o maior empregador e gerador de renda neste segmento industrial do município. A destilaria passou a ser mais uma opção de comercialização de milho para os produtores rurais não só do município, mas também tem influência em uma área geográfica de aproximadamente de 250 km. Do ponto de vista ambiental, houve aumento no desmatamento da área analisada, que modificou o espaço do local do estudo, que antes era ocupado por vegetação típica do bioma cerrado e amazônico, como em áreas de preservação permanente (mata ciliar) ao entorno de cursos d’água, e menores valores nas áreas de cultivo agrícola. Além disso, houve melhor aproveitamento dos resíduos da canade-açúcar, que, antes da utilização do milho, era um problema ambiental, pois não eram usados por completo, e agora, passaram a ser empregados para produção de energia elétrica, contribuindo para se processar o milho. Em uma perspectiva social, houve melhoria na qualidade dos principais indicadores, em destaque no IDH-M e no índice de Gini. Além disso, a introdução do processamento do milho pela destilaria fixou parte dos trabalhadores rurais envolvidos no plantio e na colheita da cana-deaçúcar e, também, oportunizou que parte destes se qualificasse para a operacionalização dos equipamentos da fábrica de cereais do parque industrial da destilaria. Outro impacto foi a migração de trabalhadores de regiões geográficas dos estados do Nordeste, principalmente, do Maranhão. No que tange à cadeia produtiva do milho, conclui-se que houve mudança na estrutura da cadeia, dentro do elo de processamento primário, a destilaria passou a atuar no subprocesso, industrializando o etanol de milho e, consequentemente, fornecendo insumos para próximos elos da cadeia que fazem o processamento secundário, via DDG, óleo e etanol. E, por fim, conclui-se que essa nova organização do espaço relacionado com o agronegócio do milho trouxe benefícios econômicos para a destilaria, pois otimizou a capacidade instalada ociosa e, consequentemente, aumentou a sua renda, que no passado vinha somente da cana-de-açúcar e, depois, incorporou a renda da cogeração de energia elétrica e agora a do milho.