Este trabalho teve como objetivos o desenvolvimento e a caracterização de bebidas lácteas fermentadas a partir do kefir e sabor mirtilo, a fim de contribuir para a inovação de produtos lácteos com potencial ação probiótica, além de reutilizar o soro de leite produzido durante a fabricação de queijos. Foram inicialmente testadas diferentes temperaturas para otimizar a multiplicação do kefir em leite padronizado a 3% de gordura, obtendo-se a temperatura de 30 ºC para prosseguimento da pesquisa. Foram desenvolvidas, em duas repetições, quatro formulações de bebidas lácteas fermentadas, cada uma com diferente nível de substituição de leite por soro de leite (0% - controle, 10%, 20% e 30%). Durante o armazenamento refrigerado por 0, 7 e 14 dias, foram avaliadas a viabilidade de bactérias láticas e leveduras das bebidas, bem como possíveis alterações de composição (teores de água, gordura, proteína e cinzas), pH e acidez. Após estudo da regressão dos dados obtidos, notou-se que as populações de bactérias e leveduras não foram influenciadas pelo tempo de armazenamento (p > 0,05). Entretanto, as contagens das populações de leveduras foram influenciadas (p < 0,05) pelo nível de substituição de leite por soro. Mesmo assim, todas as bebidas apresentaram viabilidade dos micro-organismos estudados acima do estabelecido pelas legislações brasileiras vigentes para leites fermentados, que é de 107 e 104 UFC por mL, respectivamente para bactérias láticas e leveduras e para alegação de alimento probióticos, que é de 108 UFC por porção de produto, independentemente do tempo de armazenamento até 14 dias e do nível de soro. Os teores de água, gordura e proteína das bebidas foram influenciados pelo nível de substituição de soro (p < 0,05), sendo maiores os teores de água quanto maior a substituição de leite por soro e menores os teores de gordura e proteína. Já o pH foi influenciado pelo tempo de armazenamento, assim como o teor de proteína das bebidas lácteas fermentadas (p < 0,05). Concluiu-se que o kefir pode ser uma boa alternativa para a produção de bebidas lácteas fermentadas sabor mirtilo e que a substituição de até 30% de leite por soro de leite é viável tecnologicamente, sendo sugerida a substituição de até 20% para obtenção de bebida láctea fermentada a partir do kefir e sabor mirtilo.