Historicamente, as políticas públicas do Brasil, especialmente, no Nordeste valorizaram o viés desenvolvimentista, em detrimento de extremos sociais e de uma diversidade territorial, cultural, social e econômica do país. Contudo, ao final dos anos 1990, e início do ano 2000, o Estado brasileiro, seguindo uma tendência de outros países da América Latina, começa a dialogar com setores da sociedade no sentido de construir espaços que congregue os diversos setores da sociedade para pautar e construir políticas levando em conta as demandas sociais. É neste contexto que surge um conjunto de ações e políticas públicas que tem como foco o desenvolvimento territorial sustentável. Porém a partir de 2015, houve mudanças importantes no cenário político do Brasil que representou mudanças, igualmente importantes, neste modo de formular, gerir e executar tais políticas. Esta pesquisa consiste em analisar as ações e estratégias de resistência dos sujeitos do campo para superar a desmobilização das políticas territoriais rurais no Vale do Piranhas - PB. A pesquisa é de natureza qualitativa, combinandoa a pesquisa bibliográfica com a pesquisa de campo. A pesquisa bibliográfica está ancorada nas premissas teóricas de Bacelar (2003) sobre as políticas públicas de desenvolvimento no Brasil; Malvezzi (2007) sobre a construção de um novo paradigma no Semiárido brasileiro, o da convivência com a região; Raffestin (1993), Santos (2006), Haesbaert (2006), entre outros, trazendo a concepção de território. A pesquisa de campo tem como lócus o território Vale do Piranhas e instrumento de coleta de dados a entrevista, uma vez que este recurso possibilita um aprofundamento nos discursos dos sujeitos, permitindo melhor compreensão dos seus processos de luta e organização que conduzem as estratégias de superação, frente à desmobilização e desmonte das políticas territoriais. O estudo aponta que as políticas de desenvolvimento territorial se efetivaram no território, principalmente, no período que compreende de 2004 a 2015, e que contribuíram para o fortalecimento da agricultura familiar de base agroecológica, permitindo aos beneficiários uma melhoria na qualidade de vida, permanência no campo, consolidou a perspectiva da convivência com semiárido e sinalizou para mudanças estruturantes no campo do acesso à terra, água e crédito, como também a educação. Permitiu a inserção de mulheres e jovens no debate de desenvolvimento territorial, assim como fortaleceu o processo de organização, existente no território. Diante desses resultados, conclui-se que o processo de organização social do território foi importante na efetivação e avanços das conquistas sociais e políticas públicas territoriais no Vale do Piranhas mesmo diante de um processo de desmobilização e redução de políticas, ações e programas voltados ao desenvolvimento territorial.