Introdução: O sono vem sendo bastante estudados nos últimos anos, principalmente
por ser considerado um componente fundamental à saúde em geral,
independentemente do ciclo da vida. Evidências têm demonstrado que a relação da
prática de atividade física, do tempo de tela e do sono geralmente é feita de forma
isolada, estabelecendo uma relação com outros fatores, e que o interesse em como
a interação entre aspectos relacionados ao sono, tempo de tela e a prática de
atividade física influenciam na saúde dos indivíduos. Objetivo: Identificar a
associação combinada entre a prática de atividade física, o tempo de tela, o tempo e
a percepção de qualidade de sono de estudantes do ensino médio do estado de
Pernambuco. Métodos: Trata-se de um estudo transversal, representativo e de base
escolar e de abrangência estadual, cuja amostra foi constituída por 6.002 estudantes
do ensino médio (14-19 anos). Os dados foram coletados por meio do questionário,
adaptado, “Global School-based Student Health Survey” (GSHS), previamente
validado. As variáveis dependentes desse estudo são qualidade de sono e duração
de sono, em dias de aula (segunda à sexta) e final de semana. A informação
referente à qualidade de sono foi avaliada pela seguinte questão: “Como você avalia
a qualidade do seu sono?”, onde a opção de resposta foi “Ruim; Regular; Boa; Muito
boa; Excelente”. Para avaliar a duração do sono as seguintes questões foram
avaliadas: “Em dias de uma semana normal, em média, quantas horas você dorme
por dia?” e “Em dias de um final de semana normal, em média, quantas horas você
dorme por dia?”, ambas tendo como opções “Menos de 6 horas, 6 horas, 7 horas, 8
horas, 9 horas e 10 horas ou mais”. As variáveis independentes correspondem a
informações sociodemográficas (sexo, idade, cor da pele, estado civil, local de
residência e trabalho), e fatores relacionados à escola (série, turno das aulas, tipo de
escola), à atividade física e ao tempo de tela, este referente ao tempo que os
estudantes destinam ao tempo de exposição à TV, computador, videogame,
smartphone e/ou tablet em dias de aula (segunda à sexta) e final de semana, e à
combinação da atividade física ao tempo de tela. A tabulação dos dados foi
realizada por meio da leitura óptica dos questionários, utilizando o software
SPHYNX®. A análise dos dados foi realizada utilizando o programa SPSS (versão
20). Foram adotados procedimentos de estatística descritiva e inferencial. Para a
análise descritiva fora realizado, essencialmente, medidas de tendência central
(média aritmética e mediana), dispersão (desvio padrão, amplitude de variação e
intervalos de confiança) e distribuição de frequências. A análise inferencial foi
realizada utilizando-se o teste Qui-quadrado, assumindo um nível de significância de
p<0,05, e a análise de regressão logística binária, sendo realizada análise bruta e,
posteriormente, ajustada para todas as variáveis, considerando tempo insuficiente
de sono e percepção negativa da qualidade de sono como variáveis de desfecho.
Resultados: Verificou-se que cerca de 59,0% (IC95% 55,7; 60,1) relataram dormir
menos de 8 horas por dia e que 67,5% (IC95% 66,3; 68,6) dos adolescentes
afirmaram ter uma percepção positiva de qualidade sono. Além disso, observou-se
que as chances de relatar tempo insuficiente de sono foi maior os adolescentes que
trabalham (OR= 1,64; IC95% 1,20; 2,22), e entre os adolescentes que estudam em
escolas da rede de ensino integral (OR= 2,32; IC95% 1,98; 2,72), e menor entre os
adolescentes que residem na zona rural (OR= 0,75; IC95% 0,65; 0,88). Com relação
à percepção negativa de sono, as chances de apresentar tal desfecho foram
maiores entre as moças (OR= 1,50; IC95% 1,31; 1,72), os adolescentes mais velhos
(OR= 1,23; IC95% 1,05; 1,44), os adolescentes de pele negra (OR= 1,29; IC95%
1,03; 1,61), os adolescentes que trabalham (OR= 1,48; IC95% 1,09; 2,02), e entre os
adolescentes que estudam em escolas da rede de ensino integral (OR= 1,44; IC95%
1,22; 1,69), e menos entre os adolescentes que residem na zona rural (OR= 0,83;
IC95% 0,70; 0,98). Com relação à interação entre atividade física, tempo de tela e os
aspectos de sono (tempo e qualidade), não houve significância. Conclusão: Além da
idade e da etnia dos adolescentes estarem associadas à percepção negativa de
qualidade de sono, sexo, situação ocupacional, local de residência e tipo de escola
estão associados ao tempo e à percepção de qualidade de sono. No entanto, não há
associação combinada entre atividade física, tempo de tela e tempo e percepção de
qualidade de sono dos adolescentes.