Neste trabalho, não tratamos do corpo como um organismo ou como uma matéria biológica, mas de um corpo discursivo que possui com o sujeito uma relação constitutiva, ou melhor, que participa dos processos de subjetivação do indivíduo. Assumindo uma posição de centralidade na contemporaneidade, o corpo é constantemente requisitado por discursos que pretendem educá-lo e transformá-lo de acordo com os modelos corporais instituídos para o nosso tempo, e, nesse momento, torna-se objeto mutável e provisório. Em algumas épocas, essa inquietação cumpriu-se mais intensa nas sociedades, mas foi o corpo feminino que se tornou objeto de uma cobrança maior ligada à estética até os dias atuais. A mulher deve, obrigatoriamente, ser bela, e ser bela significa obedecer ao que foi posto como o padrão de beleza para o momento histórico-cultural ao qual ela pertence. Considerando isso, pretendemos analisar os discursos sobre o corpo feminino e a produção das subjetividades contemporâneas no blog “Carol Magalhães” e no Instagram “Seca você renove”, conduzindo um trabalho de descrição e interpretação dos enunciados. Para tal fim, trabalharemos com o suporte teórico e metodológico da Análise de Discurso (AD) de tradição francesa, a partir da mobilização de categorias analíticas propostas por Michel Foucault, articulando um diálogo entre a AD com os Estudos da Mídia, mais especificamente a cibercultura, seguindo o pensamento de Lévy (1993, 2010), e as redes sociais, tomando como base Recuero (2011, 2017). Elegemos como corpus de nossa pesquisa um total de dez postagens, veiculadas no período do verão dos anos de 2016 e 2017, do Blog e do Instagram selecionados. Para o tratamento do corpus adotamos como dispositivos analíticos o discurso, o enunciado, o sujeito, os modos de subjetivação, o corpo e as relações de saber-poder, bem como a noção de trajeto temático empreendida por Guilhaumou e Maldidier (2010), procedendo, assim, à leitura de nosso objeto de análise com o trajeto definido pelos temas corpo, saúde e beleza. As investigações revelaram-nos que os discursos sobre a saúde e o estilo de vida fitness se imbricam com os ideais de beleza e da boa forma corporal, fabricando as subjetividades úteis e necessárias para o nosso tempo, aquelas que se ocupam do próprio corpo para lhe promover os cuidados de si, a partir da uma autovigilância, autocontrole e autogoverno.