O destino do planeta tem sido alvo de debates e discussões. As atenções têm-se voltado para o desenvolvimento de forma sustentável, no qual as esferas de valorização econômica, reconhecimento social, preservação ambiental e aceitação cultural precisam estar integradas. Em dias em que a indústria da construção civil é uma das que mais impacta o meio ambiente, o bambu surge como um material alternativo, recurso renovável, versátil e de baixo impacto ambiental. Este trabalho visou identificar o potencial uso do bambu laminado colado (BLC), produzido artesanalmente, em edificações da região noroeste do Paraná. Para isso, foi realizada a confecção de peças de bambu laminado colado a partir do emprego de adesivo poliuretano à base de óleo de mamona, além de identificar os principais obstáculos e necessidades das etapas desta fabricação. A ausência de ferramentas apropriadas e a escassez de mão de obra qualificada, são os principais entraves na fabricação do BLC no Brasil. Então, com as peças fabricadas, foram realizados ensaios em laboratório afim de determinar as características físico-mecânicas do material alvo do estudo. A determinação dessas características se deu por meio de ensaios adaptados da ABNT NBR 7.190 (1997): Projeto de Estruturas de Madeira, já que não existem normativas regulamentadoras para o bambu laminado colado. O BLC apresentou teor de umidade próximo ao de equilíbrio estabelecido para madeiras. Sua densidade aparente média foi de 793 kg/m³, e baixa variação dimensional (próxima a zero para direção axial, aproximadamente 3% para direção radial, 5% para direção tangencial e 8% para variação volumétrica). A média da resistência a compressão paralela às fibras foi de 74,67 MPa e a resistência ao cisalhamento na linha de cola 7,81 MPa. O adesivo mostrou-se apto para o uso na fabricação do BLC, somente com a ressalva de que há necessidade de que o processo de colagem seja realizado com qualidade, respeitando as recomendações de aplicação fornecidas pelo fabricante. Ainda, uma pesquisa online visou verificar a aceitação do BLC por parte dos profissionais especificadores (arquitetos, engenheiros e designers de interiores) atuantes no noroeste do Paraná. No formulário enviado aos participantes, integraram questões relativas à caracterização desses profissionais, suas preferências projetuais e sua opinião acerca do BLC e seus potenciais usos em edificações, seja integrando o sistema construtivo ou ainda como peças de decoração e paisagismo. Constatou-se que o material tem muito potencial de aceitação e aplicação, mas a falta de empresas especializadas e a escassa divulgação de informações técnico-científicas geram receio quando da especificação deste material em projetos de edificações.