A produção de soja no Brasil se consolida como um importante fator para o desenvolvimento agroindustrial, econômico e social do País. A expansão da soja pelo território brasileiro se deu principalmente pela incorporação de características genéticas, permitindo a adaptação de cultivares geneticamente resistentes às condições do Cerrado e a herbicidas, particularmente ao glifosato. Este herbicida foi desenvolvido na década de 70 tendo como características ação sistêmica, pós-emergente e não seletivo. Atualmente sua utilização é bastante discutida devido aos seus riscos para a saúde humana e ao meio ambiente. Outro ponto de discussão, é com relação a presença deste agrotóxico em alimentos para o consumo humano e seus limites aceitáveis. A legislação brasileira para a utilização de glifosato diverge de outros países. Sabe-se que a degradação do glifosato em solos, águas e nos vegetais é muito rápida, entretanto, há poucos estudos na literatura relacionados com a presença de glifosato em soja estocada para o consumo humano e de animais. Analisando vários trabalhos na literatura com relação à constituição química da soja, verificou-se que alterações qualitativas e quantitativas ocorrem de acordo com a região em que é produzida. Nesta perspectiva, este trabalho teve como objetivo investigar a constituição química e a presença de glifosato na soja produzida e estocada na região de Uberaba. As amostras de soja foram coletadas em três diferentes armazéns na região de Uberaba que receberam a produção da safra 2017/2018. A caracterização química da soja foi realizada por cromatografia líquida de ultra eficiência acoplada a espectrometria de massas com ionização por electrospray (LC-EM-EM/EM-ESI) nos modos positivo e negativo. Para as análises de quimiometria as amostras foram analisadas por espectrometria de massas por infusão direta. A investigação de glifosato foi realizada por cromatografia líquida com detector de fluorescência, cromatografia líquida de ultra eficiência acoplada a espectrometria de massas com ionização por electrospray e ressonância magnética nuclear. A composição química dos grãos de soja analisados por CL-EM-EM/EM-ESI a partir da extração metanólica, consistiu de ácidos orgânicos, compostos fenólicos, açúcar, aminoácidos, dipeptídeos, bases nitrogenadas, nucleosídeo, flavonoides, esfingolipídeos e ácidos graxos. Genisteína, daidzeína, gliciteína e genistina foram as isoflavonas identificadas nas amostras dos armazéns investigados. O composto p-cumaroilglucarato(galactarato) identificado aqui, não foi encontrado em outros estudos com soja. As análises por componentes principais (PCA) a partir dos espectros de massas obtidos em modo negativo e positivo, foi evidenciado a separação bem definida dos três grupos de amostras relativo aos armazéns estudados. Estes resultados mostram que existe variância entre as amostras de soja de cada armazém. Pela análise de agrupamentos hierárquicos (HCA) em modo negativo as amostras dos armazéns 1 e 3 apresentaram maior similaridade enquanto que em modo positivo as amostras dos armazéns 2 e 3 tiveram maior similaridade. Resíduos de glifosato não foram detectados nas amostras de soja por nenhuma das técnicas empregadas.