A modelagem hidrológica e hidráulica de bacia hidrográficas é uma solução prática para a gestão de recursos hídricos, em especial para o controle de cheias e inundações. Visando contribuir para um melhor gerenciamento dos riscos associados às inundações, este trabalho teve como objetivo identificar as regiões inundáveis da bacia hidrográfica do Rio Pirapó, no Paraná, Brasil. A caracterização física e climática da bacia, em conjunto com a coleta de dados com o equipamento ADCP, geraram subsídios para a construção dos modelos por meio dos softwares HEC-HMS e HEC-RAS. Em seguida, ambos foram calibrados e validados conforme as funções objetivo Nash-Sutcliffe Efficiency Index (NSE), Percent Bias (PBIAS) e RMSE - Observations Standard Deviation Ratio (RSR), propostas por Moriasi et al. (2007) e Moriasi ET al. (2015). A partir da análise das séries históricas na bacia, foram realizadas simulações para os eventos de precipitação com período de retorno (TR) de 10, 25, 50, 100 e 1.000 anos, produzindo os mapas de inundação para o Rio Pirapó e Rio Bandeirantes do Norte. A aplicação dos métodos de trabalho indicou que o modelo hidrológico construído é representativo para o estudo de eventos de precipitações extremas, com 69% das análises realizadas obtendo uma eficiência satisfatória segundo as classificações. Para a modelagem hidrodinâmica, a qualidade foi verificada em 69% das análises de vazão e 61% das previsões de níveis de água. O estudo dos eventos excepcionais demonstrou que as inundações dos Rio Pirapó e Rio Bandeirantes do Norte se estendem por uma área de 61,7 km² e 23,6 km² durante as chuvas com TR=1.000 anos e TR=10 anos, respectivamente. O nível de água máximo previsto foi de 11,7 m, no Rio Bandeirantes do Norte, para uma chuva com período de retorno de 1.000 anos. Dos locais atingidos pela cheia, a maioria está atualmente ocupada pelo uso agrícola ou por matas ciliares. Considerando o histórico da bacia, comprovou-se o risco de inundação no município de Sabáudia e na estação de captação de água que abastece o município de Maringá. Em conjunto, demonstrou-se também o risco associado ao transbordamento e a queda de pontes em trechos das rodovias PR-545, PR-317, PR-461, PR-458 e PR-340, afetando a mobilidade e economia da região.