Há uma grande variedade de Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes (PHPCP) no mercado atualmente, com um amplo número de substâncias químicas utilizadas como ingredientes nas formulações. Dentre esses aditivos, encontram-se os conservantes denominados parabenos que não são utilizados exclusivamente em PHPCP, mas também podem ser adicionados em alimentos e medicamentos, uma vez que são capazes de impedir a contaminação microbiana dos produtos, garantindo assim sua qualidade. A exposição humana total aos parabenos foi estimada em 76 mg/dia, demonstrando absorção, provavelmente pelas vias oral, dérmica e inalatória. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) regulamenta uma lista de substâncias permitidas na composição de PHPCP, estabelecendo limites de concentração máxima permitida de 0,4% (m/m), da composição total do produto, para o ácido p-hidroxibenzóico, seus sais e ésteres (parabenos), quando expressos individualmente, e de 0,8% (m/m), quando em misturas. Tal regulamentação é importante para garantir a segurança da população, já que alguns estudos atuais vêm descrevendo que essas substâncias podem provocar dermatite de contato, e outros estudos discutem sua correlação com o câncer de mama. Discute-se ainda, que os parabenos podem apresentar atividades estrogênicas, sendo considerados disruptores endócrinos. Tendo em vista tais considerações, o presente trabalho visou avaliar a exposição aos parabenos através do uso de antitranspirantes. Para tanto, foram correlacionadas as concentrações de parabenos em soro de mulheres, bem como foram realizados ensaios in vitro de permeação cutânea e a quantificação desses conservantes em antitranspirantes. Foram analisadas as concentrações de parabenos em antitranspirantes, por método desenvolvido que utilizou a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE) com detecção por ultravioleta (UV), com prévios preparos de amostras por Extração em Fase Sólida (SPE) e Extração Líquido-Líquido (ELL). A faixa de trabalho para esses métodos foi de 2 a 26 mg L-1 e, dentre os antitranspirantes analisados (n= 20), somente 3 apresentaram metilparabeno (MePa) e propilparabeno (ProPa) na formulação. Foram realizados ensaios in vitro de permeação cutânea da formulação de antitranspirante contendo aproximadamente 0,20 % m/m de MePa e 0,10 % m/m de ProPa, com o intuito de correlacionar esses dados àqueles obtidos na avaliação da exposição. Houve a permeação de, aproximadamente, 32% do MePa e 72% do ProPa, indicando assim a passagem desses parabenos pela camada epidérmica da pele. Ainda, foram analisadas amostras de soro de voluntárias que usavam antitranspirantes (n= 24), com e sem parabenos, utilizando Cromatografia Líquida de Ultra Eficiência (UPLC) acoplada ao detector de massas (MS/MS). Para o preparo dessas amostras, foi utilizada a ELL e a metodologia analítica foi validada, de acordo com a RDC 27/2012 da ANVISA, apresentando linearidade (r > 0,99), precisão e exatidão (calibrador baixo < ± 20% e demais calibradores < ± 15%) e recuperação (64% e 51% para MePa e ProPa, respectivamente), permitindo, assim, a sua aplicação. A faixa de trabalho para este método foi de 10-100 µg L-1, para MePa e ProPa. A partir dos resultados obtidos foi possível concluir que, apesar de haver permeação dos parabenos, verificada no teste in vitro, nesse estudo, não houve absorção dessas substâncias por meio do uso de antitranspirantes em creme, uma vez que não foi demonstrada diferença estatisticamente significativa entre as concentrações de parabenos no soro de mulheres que utilizaram as formulações, contendo os conservantes, em relação ao uso do antitranspirante isento dos analitos em questão.