Introdução: Mulheres experimentam uma série de alterações físicas e sociais que se intensificam após os 40 anos de idade devido a mudanças hormonais presentes no climatério e fatores ambientais. Além do prejuízo na qualidade de vida, trabalhadoras da saúde estão expostas a condições como alto grau de responsabilidade e ausência de reconhecimento profissional o que aumenta o risco de estresse ocupacional. Objetivo: Avaliar o impacto do estresse ocupacional na sintomatologia do climatério e na qualidade de vida de trabalhadoras da saúde de nível técnico e médio no interior do estado de São Paulo. Materiais e métodos: Foi realizado um estudo transversal analítico em três hospitais, no período de abril a agosto de 2017, incluindo 152 trabalhadoras da área de saúde com 40 anos ou mais. Foram utilizados os seguintes instrumentos: Questionário Effort-Reward Imbalance (ERI), Índice Menopausal de Blatt e Kupperman (IMBK), Patient Health Questionnaire 2 (PHQ2), Medical Outcome Study 36-item Short Form Health Survey (SF36) e Womens’s Health Questionnaire (WHQ). Resultados: De acordo com o IMBK a nossa amostra foi dividida em dois grupos: grupo 1, formado por 110 mulheres (72,4%) com sintomatologia leve e grupo 2, formado por 42 mulheres (27,6% ) com sintomatologia moderada a acentuada. A presença de sintomatologia moderada a acentuada apresentou associação estatisticamente significante com turno de trabalho noturno, jornada de 12 horas, pior qualidade de vida nas dimensões - capacidade funcional, dor, vitalidade, aspectos sociais e saúde mental do SF36, maior frequência de sintomas somáticos, humor deprimido, dificuldades cognitivas, sintomas vasomotores, ansiedade/medo, problemas com sono, funcionamento sexual, sentir-se ou não atraente e, no escore total do WHQ, além de maior esforço para realização do trabalho, menor recompensa e comprometimento excessivo. Houve associação do comprometimento excessivo com pior qualidade de vida no SF36 e no WHQ, e maior intensidade de sintomas climatéricos. A análise de rede mostrou que no grupo com comprometimento excessivo houve maior influencia do sintoma esgotamento no acometimento da função social e que, cefaleia e nervosismo foram mais influentes do que ondas de calor na percepção da sintomatologia do climatério. Conclusão: No grupo com comprometimento excessivo, características intrínsecas da personalidade parecem influenciar na sintomatologia do climatério e na qualidade de vida. O tratamento farmacológico isolado para alguns sintomas específicos pode não ser a abordagem mais adequada. As conexões, identificadas entre as variáveis estudadas por vários instrumentos, oferecem uma perspectiva mais ampla acerca dos fatores que interferem na qualidade de vida e na variação da sintomatologia do climatério em mulheres ativas no mercado de trabalho, em particular na área da saúde e no contexto hospitalar. Conhecer melhor as condições que pioram a qualidade de vida durante a fase inerente ao envelhecimento da mulher permitirá o desenvolvimento de ações promotoras de saúde mais eficientes.