O presente trabalho estuda marcas literárias autorais do escritor alagoano Graciliano Ramos em algumas de suas obras menos prestigiadas pela crítica e academia. Julgamos que essas obras, além de possuírem uma riqueza estético-literária, são importantes para conhecermos Graciliano e sua transformação no grande escritor que foi e, por isso, mereciam um estudo aprofundado. Assim, nosso objeto de pesquisa tem como corpus suas obras póstumas de crônicas Linhas tortas (1962), Viventes das Alagoas (1962) e os livros de textos inéditos Garranchos (2012) e Cangaços (2014); seu livro de contos Insônia (1947); sua obra destinada ao público infantojuvenil Histórias de Alexandre (1944), A terra dos meninos pelados (1939) e Pequena história da República, que foram reunidas em Alexandre e outros heróis (1962, póstumo). Além dessas obras, pesquisamos um vasto volume de cartas, principalmente as que estão sob a guarda do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB/USP), enviadas ou recebidas por Graciliano, de parentes, escritores e outros profissionais ligados às letras, e cuja pesquisa se justifica por detectarmos que muitas dessas cartas possuem importantes pistas para o entendimento do fazer literário do autor e/ou por também mostrarem a mesma linguagem usada em seus livros. Como aporte teórico para o presente estudo tivemos autores ligados à teoria literária em geral e autores dedicados à obra de Graciliano ou a temas tratados em seus livros, como memória, infância e a literatura juvenil. Assim, entre outros, contamos com livros e artigos de Antonio Candido, Thiago Mio Salla, Ieda Lebensztayn, Walter Benjamin, Nelson W. Sodré, Alfredo Bosi, Nádia Gotlib, Rui Mourão, Fernando A. Cristóvão, R. Morel Pinto, Osman Lins, J. Geraldo Vieira, Godofredo de Oliveira Neto, Bastide, João L. Lafetá, e J. M. Gagnebin, sem contar as biografias escritas por Denis de Moraes, Ricardo Ramos e Clara Ramos.