O presente estudo identifica e analisa elementos culturais, comportamentais, de resistência, busca de autoestima e ainda outros; como também, aspectos literários e deferências à arte ou grandes feitos do povo afro, presentes em três composições de rap de Rincon Sapiência, enquanto heranças das tradições africanas, as chamadas africanidades; ao passo que, as examina comparativamente com outras produções artísticas, porém de mesmo teor. O enfoque está sobre as letras de “Crime bárbaro”, “Ponta de lança (Verso livre)” e “Amores às escuras” do rapper paulistano. O estudo considera a tradição oral, tão importante para a memória e identidade dos povos da África, como principal marca de influência dos movimentos de representação da resistência do povo afro-brasileiro, quase sempre centrados na palavra falada, como saraus, slams de poesia, práticas educacionais e o próprio rap. O ponto de partida do trabalho procura situar aspectos de matriz africana e suas contribuições na produção cultural periférica nas “quebradas” brasileiras; passando também, pelo surgimento, trajetória e performance do rap no Brasil. O estudo também, denuncia as ações de exclusão do povo preto na formação de discursos, sobretudo literários, por parte das elites hegemônicas; propondo ainda, um novo olhar para as expressões artísticas desenvolvidas nas periferias do país. O estudo procura evidenciar a partir das letras selecionadas o potencial dos discursos do rap na construção da autoestima e afirmação dos afrodescendentes; despertando assim, o desejo de serem protagonistas e escritores de suas próprias histórias. Neste sentido, a arte periférica configura o elemento de fuga dos marginalizados contra as violências sofridas. O trabalho fundamenta-se em teóricos como Amadou Hampaté Bâ, Jan Vansina, Paul Zumthor, Eduardo de Assis Duarte, Jessé Souza, Domício Proença Filho, Jorge Nascimento, dentre outros.