Sabe-se que a bioquímica da oxidação é resultado da vida aeróbica e do metabolismo, com consequente produção dos radicais livres. O excesso destes radicais livres pode ser minimizado através de substâncias antioxidantes, sejam elas produzidas pelo próprio organismo, numa espécie de mecanismo de defesa, ou introduzidas nele através da dieta alimentar. No contexto das mudanças demográficas atuais, decorrentes do envelhecimento populacional mundial é comum o aparecimento de um cuidador informal, geralmente um familiar, decorrente da dependência do idoso, pelo envelhecimento cada vez maior da população. Esse papel de cuidador informal está vastamente explorado na literatura devido à geração de estresse, ansiedade e baixa qualidade de vida vistos como inerentes ao cuidado. O estresse oxidativo nesses indivíduos, contudo, é fator a ser investigado ainda. O Objetivo é medir o estresse oxidativo em cuidadores informais, comparando os dados obtidos com indivíduos não-cuidadores, caracterizando os dados sóciodemográficos e correlacionando alguns fatores ao desempenho do papel de cuidador informal: grau de ansiedade, satisfação com a saúde, qualidade de vida e estresse oxidativo. Esta pesquisa é quantitativa, analítica, descritiva, de caráter transversal. Trata-se de um estudo analítico caso-controle, onde o caso é representado pelo cuidador informal principal e o controle é pareado por indivíduo com características idênticas ao caso, exceto pelo fato de que não desempenhe o papel de cuidador informal. Foram utilizados como instrumentos: questionário sóciodemográfico, escala de ansiedade de Beck e Whoqol-bref. O estresse oxidativo foi medido através do sangue, por análise dos marcadores FRAP e TBARS. A qualidade de vida dos cuidadores informais vem sendo explorada na literatura, para esses cuidadores informais, demonstrando uma insatisfação dos próprios cuidadores nesse sentido. De maneira geral, ainda, o estresse e a ansiedade vêm sendo relatados com fatores predominantes na piora dessa qualidade de vida, resultando das perdas socioeconômicas e, muitas vezes, biológicas correlacionadas ao cuidado informal. O estresse oxidativo apresenta correlação com todos esses fatores mencionados, bem como pode ser um indicativo da situação de saúde presente e da perspectiva de envelhecimento destes indivíduos. A maioria da amostra é composta por mulheres, que assumem o papel de cuidadoras informais. A qualidade de vida e principalmente a satisfação com a saúde, mostraram-se especialmente impactadas pelo desempenho deste papel. O estresse oxidativo apresentou alterações estatisticamente significativas entre casos e controles. Constatou-se uma diminuição do TBARS e do FRAP dos indivíduos do grupo caso no comparativo com os controles, o que nos induz a pensar que alguns mecanismos mediadores dessa reação oxidativa não são totalmente
conhecidos atualmente. Além disso, esta pesquisa constata algo importante na reflexão atual em saúde: cuidar informalmente muitas vezes exige as mesmas competências e habilidades do cuidar formal. O cuidador informal precisa ter conhecimento para gerar ações de promoção, tratamento e recuperação em relação à saúde do indivíduo cuidado. Essa reflexão nos leva a repensar o papel social desse cuidador informal e a escassez de políticas públicas para essa população, que cada dia mais passa a ter papel essencial na saúde no Brasil.