A laserterapia (LT), conhecida como fotobioestimulação ou irradiação LASER de baixa potência, tem sido utilizada com sucesso em diferentes ramos da medicina. O mecanismo básico de ação da LT é a absorção da luz pelas células no tecido irradiado, desencadeando diferentes bioatividades. Na resposta de fagócitos frente a microrganismos, a proteína dissulfeto isomerase (PDI) auxilia na montagem do complexo NADPH oxidase, referido como NOX2 em monócitos e macrófagos (MФ), visando à formação de oxidantes (espécies reativas do oxigênio/nitrogênio [EROs/ERNs]). A ativação de NOX2 por estímulos microbianos ou químicos leva a formação inicial do ânion superóxido (O2•) no chamado burst oxidativo, originando outras espécies altamente reativas do oxigênio. Paralelamente, com a ativação da enzima óxido nítrico sintetase induzida (iNOS) e, formação de óxido nítrico (•NO), o •NO reage com o O2• para formar um potente antimicrobiano, o peroxinitrito (ONOO-). Estes oxidantes são intrinsecamente microbicidas, bem como sinalizam para a liberação das armadilhas extracelulares de monócitos/macrófagos (METs, do inglês monocyte/macrophages extracellular traps), portanto, sinergizando para uma efetiva resposta antimicrobiana. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi investigar a influência da LT sobre a atividade de PDI, a produção de oxidantes, a formação de METs e a resposta microbicida de MФ contra Staphylococcus aureus. Monócitos humanos foram isolados por gradiente de densidade a partir de sangue total de voluntários saudáveis. Os monócitos isolados foram imediatamente submetidos ou não a LT (LASER vermelho (comprimento de onda [λ]660 nm) ou infravermelho (λ780 nm), usando um LASER de diodo InPGa - InGaAlP (660 nm)/GaAlAs (780 nm), Twin Flex®, com doses de até 60 J/cm2; energia total de até 2,4 J, e acompanhados quanto a diferenciação em MФ. Para avaliar a produção de oxidantes, o ensaio de quimioluminescência amplificada com o Luminol foi utilizado para mensurar os níveis de EROs/ERNs totais, o ensaio de redução do citocromo c adotado para quantificar os níveis de O2•, e as sondas AmplexRed, SOSG ou DAN usadas para quantificar o peróxido de hidrogênio (H2O2), oxigênio singlete (1Δg O2) e •NO, respectivamente. A atividade de PDI e a quantificação de MET/DNA foram realizadas por ensaio de fluorescência, usando as sondas Di-E-GSSG e Pico Green, respectivamente. O ensaio de killing foi realizado para verificar a capacidade microbicida total dos MФ. Neste teste, foi adotado o protocolo "dois passos", em que, S. aureus foi incubado com MФ (por 10, 40 e 80 min a 37º C) e, através de uma centrifugação diferencial (100 x g, 5 min) e lise dos MФ com H2O pH 11, as bactérias intracelular e extracelular foram quantificadas e os resultados expressos em Unidades Formadoras de Colônia (UFC). Através deste protocolo, as taxas de fagocitose (Kp) e morte intracelular (Kk) de S. aureus foram calculadas. A LT, em ambos os λ (660 nm e 780 nm), incrementou o burst oxidativo dos MФ elevando significativamente (p < 0,05) a produção de alguns oxidantes, paralelo a uma elevação na atividade de PDI (p < 0,05). Como consequência do aumento de oxidantes, houve maior formação e desprendimento de METs (p < 0,05). Curiosamente, a LT aumentou o KK dos MФ, mas não apresentou significativo efeito sobre o seu Kp, demonstrando que o aumento de oxidantes intracelular foi o efeito marcante deste tratamento para incrementar o efeito microbicida frente ao S. aureus. Este estudo demonstrou que a LT (660 nm e 780 nm) pode aumentar a resposta antimicrobiana de MФ, através da modulação das atividades de PDI e, consequentemente NOX2, aumentando a produção de oxidantes e METs, com implicações clínicas para a prevenção e tratamento de doenças infecciosas.