O objetivo desta pesquisa foi analisar práticas e compreensões da Formação por Alternância do Curso de Licenciatura em Educação do Campo (LECAMPO), seus limites e possibilidades de diálogo com a Pedagogia da Alternância. Em termos teóricos, a pesquisa teve como referência o Materialismo Histórico e Dialético. A base epistêmica desse referencial parte do princípio de que para atingir a essência do fenômeno e capturar sua complexidade é necessário lançar mão das categorias da totalidade, contradição, mediação e práxis transformadora. Um conhecimento baseado na concepção da práxis como princípio educativo, tensionador da realidade e comprometido com a emancipação humana. Nessa perspectiva, buscamos os aspectos conceituais fundamentais da Educação do Campo e da Pedagogia da Alternância, no contexto dos Centros Educativos Familiares de Formação por Alternância (CEFFAs) e suas influências na implementação da formação de educadores do campo, por meio da Licenciatura em Educação do Campo. A metodologia, focada na abordagem qualitativa, consistiu-se na revisão de literatura para encontrar o estado da arte da pesquisa acadêmica sobre a Formação por Alternância neste curso, o que nos revelou um campo quase ausente nos estudos. A pesquisa exploratória, constatou a execução de 46 cursos em 36 instituições públicas de ensino superior no Brasil. A elegibilidade do LECampo da Universidade Federal de Minas Gerais foi respaldada nos critérios: maior tempo de experiência, pioneirismo com a primeira turma criada em 2005, concebida já por área de conhecimento e em regime de Alternância; inspiração para a expansão e a institucionalização da oferta regular a partir de 2009. Realizamos 2 grupos focais com 12 estudantes de 4 turmas das 4 áreas: Ciências da Vida e da Natureza (2013); Linguagem, Arte e Literatura (2014); Ciências Humanas e Sociais (2015) e Matemática (2016), e entrevista narrativa com 8 professores e 5 monitores do referido curso. A pesquisa documental e a observação, a partir da inserção no curso, completaram as fontes de dados. O resultado da pesquisa demonstrou que o LECampo não utiliza a Pedagogia da Alternância, mas princípios da Alternância, o que vem possibilitando a construção de um novo conceito denominado de Formação por Alternância. Desta construção foram abstraídas 9 mediações pedagógicas específicas e 7 princípios de Alternância que interatuam nos tempos-espaços, escola-comunidade. A estratégia da organização dos tempos e espaços escolares entre escola e comunidade revoluciona a organização dos tempos escolares; oportuniza acesso e permanência à educação superior aos trabalhadores; potencializa a relação teoria e prática com as mediações pedagógicas mobilizadas e práticas de formação humana contra-hegemônicas, intencionadas a um novo projeto de campo e sociedade. Os elementos contraditórios identificados que não potencializam a Formação por Alternância são relacionados aos principais fatores: econômicos, políticos, recursos humanos e pedagógicos. Os resultados indicam que a Formação por Alternância na Licenciatura em Educação do Campo, dada sua relevância, requer aprofundamento nas pesquisas e mais estudos para a sua consolidação como política pública a ser ampliada em todos os níveis e modalidades da Educação brasileira.