O setor da construção civil está em grande crescimento e em consequência deste, ocorre o aumento de consumo de recursos naturais. Pela alta demanda de materiais com qualidade e o setor possuir grande flexibilidade quanto à origem destes, o uso de resíduos desta e outras indústrias se destaca. O bloco de concreto para alvenaria, material utilizado em edificações tanto em alvenaria de vedação como estrutural, foi o material de construção escolhido para avaliar seu desempenho quando utilizado a cinza do bagaço de cana-de-açúcar na substituição parcial dos agregados naturais. Este é um resíduo gerado pelo processo de queima do bagaço da cana-de-açúcar em caldeiras de usinas de álcool e açúcar. Estima-se que atualmente sua produção gira em torno de 3,5 milhões de toneladas no país. Propõem-se a dosagem do concreto seco pelo método de Fernandes (2012), para produzir blocos de concreto para alvenaria de dimensões 14 x 19 x 39 cm, sendo avaliados os parâmetros resistência mecânica à compressão, absorção de água, questão dimensional, aspecto visual, consumo de materiais e custos. Produziram-se blocos de concreto sem CBC, para referência, e com a incorporação nas taxas de 8,79% (grupo 10) e 17,83% (grupo 20), em massa, substituindo parcialmente os agregados naturais. Para cada teor de cinza foram produzidos blocos com quatro relações cimento/agregado de 1:6, 1:9, 1:12 e 1:15, totalizando 12 traços. Os resultados experimentais demonstraram que o uso da CBC não implicou em variabilidade dimensional na etapa de moldagem e produto final. A absorção de água dos blocos apresentou desempenho semelhante aos blocos referência com pequenas variações de resultados, sendo atendidos os requisitos da NBR 6136/2007. Na resistência à compressão os traços do grupo 10 nas relações cimento/agregado 1:6, 1:9 e 1:12 apresentaram resultados melhores que a referência e no grupo 20 valores compatíveis na relação cimento/agregado 1:12. O aspecto visual do acabamento tornou-se mais liso com o incremento de CBC, sendo mais significativo no grupo 20. Do ponto de vista ambiental notou-se que para blocos de 4 MPa o teor de substituição de 8,79% de agregados apresentou mesmo consumo de cimento; para o traço de 6 MPa os ganhos ambientais dos agregados foram os mesmos, com redução do consumo de cimento em 8,4%, no grupo 10. No aspecto dos custos de produção em blocos de 4 MPa não houve variação significativa; para blocos de 6 MPa o grupo 10 reduziu custo em 8,2% e no grupo 20 aumentou em 4,5%.