O sistema prisional mossoroensse está inserido na região do semiárido do Estado do Rio Grande do Norte com todas as suas vivicitudes e desafios. Assim, optamos pela pesquisa social-qualitativa, sendo oportuno destacar que os Estudos Foucaultianos nos serviram como base para tracejar os impactos da cultura da exclusão que resulta na vulnerabilidade social e carcerária de mulheres, conduzindo-nos à necessidade de entender as engrenagens do poder dentro do sistema prisional para que possamos desmontá-la e refazê-la dentro de uma ordem biopolítica e social mais justa e igualitária. Esta pesquisa teve como objetivo geral investigar as determinações de gênero, raça e classe para as mulheres em cumprimento de pena privativa de liberdade, no Complexo Penal Estadual Agrícola Doutor Mário Negócio, e foi procedida a partir da observação da unidade prisional em apreço e empreendida através de visitas, bem como a partir do estudo dos prontuários criminais e processos judiciais das mulheres.Com esse estudo visa-se contribuir para uma maior reflexão coletiva da real situação das mulheres em privação de liberdade, principalmente no que diz respeito à violência de gênero institucionalizada dentro do Sistema Penitenciário de nosso estado. O trabalho está dividido em quatro capítulos. No primeiro, procuro abordar a descrição da pesquisa em suas fases e metodologia aplicada. No segundo capítulo, trago um aparato geral sobre a política de Segurança Pública, perpassando pela historia das prisões, abordando o contexto do Brasil, do Rio Grande do Norte bem como da unidade prisonal estudada. No terceiro capítulo, abordo a categoria gênero, tratando dos avanços da mulher na contemporaneidade e os aspectos relacionais com a criminalidade feminina, perpassando pela violência dentro do sistema penitenciário, enquanto violência institucionalizada. No quarto capítulo, traço o perfil das mulheres estudadas dentro do sistema prisional mossoroensse, a violação de seus direito e a importância da família para sua ressocialização. Durante todo o texto, utilizamos nomes fictícios, comparando as mulheres do sistema prisonal às flores de cactos em seus sofrês e desabrochar. Compreender as relações de gênero enquanto um fenômeno histórico social não natural é fundamental para que possamos empreender uma transformação social, inclusive através da luta pela elaboração e implementação de políticas públicas com enfoque de gênero dentro do sistema penitenciário potiguar. Assim, os dados obtidos permitiram organizar um instrumento hábil para denunciar as repercussões da violência e da discriminação que ainda imperam contra a mulher inserida na realidade prisional do semiárido potiguar, observando o dever estatal de concretizar os direitos humanos fundamentais, especialmente, no âmbito da execução penal, onde ações afirmativas são necessárias face às desigualdades de gênero que imperam em nosso país