Introdução. O aumento do número de idosos e a mudança do perfil demográfico, provocam elevação das hospitalizações e demandas por internações nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Pacientes hospitalizados em UTI são considerados de alto risco para erros de medicação e Reações Adversas a Medicamentos (RAM). A polifarmácia é comum em idosos, que é o consumo de cinco ou mais tipos de medicamentos diferentes. Estudos apontam a necessidade de acompanhamento farmacoterapêutico para idosos, a fim de minimizar problemas relacionados a medicamentos e proporcionar melhor qualidade de vida à essa população. Objetivos. Avaliar a utilização de medicamentos por idosos em UTI, descrever os medicamentos e grupos farmacológicos mais prescritos aos idosos, analisar se são utilizados protocolos de uso seguro de medicamentos para idosos, descrever as intervenções do farmacêutico, analisar a aceitabilidade das intervenções realizadas pelo farmacêutico e propor instrumentos para farmacoterapia segura do idoso. Métodos. Foi realizada pesquisa observacional, descritiva e prospectiva. A população foi composta pelos idosos internados na UTI, no período entre setembro de 2017 a julho de 2018, por mais de 24 horas, após obtenção do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), por meio de censo dos pacientes. Os dados foram coletados das prescrições eletrônicas e, eventualmente manuais e dos prontuários eletrônicos. Foram lançados em planilha Excel® 2013. A análise dos dados ocorreu pelo Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 20.0 e Microsoft Excel. O Nível de significância da pesquisa adotado foi de 5%. Realizaram-se análises estatísticas uni-/bivariadas. Utilizou-se o teste de Shapiro-Wilk para avaliar a Normalidade da amostra com relação às variáveis idade e peso. Para a relação entre idade e número de intervenções, utilizou-se a Correlação de Spearman e para variáveis sexo e intervenção, o teste Exato de Fisher. Foi empregado o método Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE), para elaboração do artigo original. Resultados. Foram estudados 67 pacientes, maioria do sexo feminino (53,7%), sendo a maior parte dos idosos entre 60 e 79 anos e a média de idade de 71,7 anos +- 6,6 anos DP, média de peso foi 63,8% kg +- 6,2 kg DP. Média ponderada de tempo de internação de 21 dias. Causas principais de internação: pós-cirúrgico de câncer (43,0%), doenças digestivas (13,0%) e choque séptico (12,0%). A maioria dos idosos 43,3% (n=29) recebeu dieta por sonda nasoenteral. Quanto ao desfecho, 52,2% (n=35) dos pacientes evoluíram a óbito. Registrou-se polifarmácia em todos os pacientes, sendo prescritos ao todo 112 fármacos, variando de 6 a 24 medicamentos por paciente. O grupo farmacológico mais prescrito foi o do trato alimentar e metabolismo, seguido do grupo de sangue e órgãos de formação de sangue e em terceiro, os fármacos do grupo do sistema nervoso. Foram prescritos 22 antimicrobianos. 37,0% dos pacientes (n=25), receberam meropenem, 32,8% (n=22) usaram vancomicina e 17,9% (n=12) polimixina B. Para os antimicóticos de uso sistêmico, foram indicados anidulafungina com 17,9% (n=12) e fluconazol com 6,0% (n=4). Classificados por grupo farmacológico, os carbapenêmicos foram indicados com mais frequência, (n=30) 21,9%, seguidos dos glicopeotídeos (n=22) e polimixinas (n=12) 8,76%, os antimicóticos juntos
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somaram 11,6%. Onze pacientes (16,4%) não fizeram uso de nenhum antiinfeccioso e apenas 1 paciente fez uso de anti-infeccioso tópico para uso ocular. Encontrou-se 25 medicamentos inapropriados a idosos (MPI), sendo os mais prevalentes: insulina regular, Pantoprazol, Metoclopramida, Enoxaparina, Fentanil, Furosemida, Midazolam, Tramadol, Hidrocortisona, Amiodarona. Foi registrado um total de 4,5% de pacientes com alergia a fármacos. Quanto às intervenções foram realizadas 152 intervenções farmacêuticas, de 15 tipos diferentes. Todos os pacientes receberam algum tipo de intervenção, sendo que a média de intervenção foi de 2,3 intervenções por paciente. Todas as intervenções farmacêuticas envolveram a equipe médica e mais da metade envolveram a equipe de enfermagem. As intervenções relativas a monitoramento de exames laboratoriais, estoque de medicamento, conciliação medicamentosa, administração de medicamento, registro de alergia a medicamento e manejo de estabilidade foram aceitas totalmente Não houve associação estatística entre intervenções e sexo ou idade dos pacientes. Conclusão. O estudo demonstrou que as características dos idosos, como idade, sexo, peso, motivo de internação, tipo de dieta e desfechos foram semelhantes a dos estudos nacionais de referência. Foi confirmada a polifarmácia nos idosos. Há acompanhamento dos idosos pelo farmacêutico clínico com Intervenções farmacêuticas na farmacopetrapia. A maioria dos idosos usaram antimicrobianos, sendo os mais consumidos indicados para tratamento de infecções causadas por bactérias multirresistentes. A pesquisa mostrou que todos os pacientes usaram pelo menos um MPI. Não há protocolo no serviço para uso de MPI em idosos. Todas as intervenções farmacêuticas envolveram a equipe médica e mais da metade envolveram a equipe de enfermagem, o que foi um diferencial na assistência ao idoso promovendo maior integração do cuidado ao paciente com impacto positivo na farmacoterpaia. O estudo demonstrou também que pelos tipos de intervenções e alta taxa de aceitação, o farmacêutico clínico na UTI é um profissional imprescindível no cuidado ao idoso polimedicado, aumentando a segurança do paciente e promovendo maior coesão da equipe de saúde na farmacoterpia dos idosos hospitalizados. Ficou evidente que a intervenção de conciliação medicamentosa é fundamental para a continuidade do tratamento seguro do paciente idoso. É importante que haja protocolos bem claros de uso de antimicrobianos em idosos e em UTI, bem como protocolos bem claros de uso de MPI para idosos em estado crítico como estratégia de saúde pública. Como produtos desta dissertação foi elaborado um Artigo Original com o título: "Intervenções farmacêuticas na farmacoterapia de idosos em unidade de terapia intensiva", submetido à Revista Brasileira de Enfermagem – REBEn, sob o nº nº 2019-0169. Resumo com Título “Medicamentos Potencialmente Inapropriados Prescritos a Idosos em Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital Público do Distrito Federal” ID 4098, aprovado para apresentação em forma de PÔSTER no Congresso Brasileiro de Farmácia hospitalar da SBRAFH 2019. Resumo intitulado “Anti-Infecciosos Prescritos a Idosos em Unidade de Terapia Intensiva de um Hospital Público do Distrito Federal” aprovado para apresentação em forma de PÔSTER no I Congresso de Ciências Farmacêuticas do Centro-Oeste, o qual recebeu certificado de HONRA AO MÉRITO na data de 28 de abril de 2019. Foi desenvolvido um formulário modelo de evolução denominado ‘’Modelo de Evolução Farmacêutica com Intervenção’’ implantado no HRAN e em fase de
9 registro de direitos autorais na Biblioteca Nacional, sob o protocolo EDA/DLLLB/BSB nº 156/2019.