Introdução: O trabalho no Atendimento Pré-Hospitalar (APH) envolve um contato direto com o amor e o sofrimento, com a vida e a morte, com o medo e a frustração, acarretando esforço físico, emocional, psicológico e social nos trabalhadores que atuam nesse tipo de serviço. Estes aspectos potencializam as vivências de angústia, ansiedade e estresse nesse ambiente laboral. As mulheres trabalhadoras desse cenário percebem os riscos psicossociais de forma diferente o que possivelmente demanda diferentes estratégias de enfrentamento e causa repercussões no bem-estar no trabalho. Objetivos: identificar o bem-estar no trabalho, estressores psicossociais e coping nos trabalhadores do APH e suas distinções de gênero. Método: estudo transversal quantitativo com trabalhadores do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência do Distrito Federal (SAMU-DF) e do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) atuantes no APH. Foram aplicados um instrumento sociodemográfico, a Escala dos Estressores Psicossociais no Contexto Laboral (EEPCL), o Inventário de Bem-Estar no Trabalho (IBET) e a Escala de Coping Ocupacional (ECO). Foi realizada regressão logística para verificar distinções das escalas e inventário conforme o sexo. As análises dos dados foram realizadas no SPSS v. 20.0. Resultados: A amostra foi composta por 585 trabalhadores, o que corresponde a 81% da população estimada. Metade atuava no CBMDF (50,8%). A média de idade dos profissionais da amostra foi de 38,9 anos (±7,2) com variação entre 25 e 63 anos. Houve maior prevalência do sexo masculino (72,2%), tanto entre os trabalhadores do SAMU (55,9%) e os bombeiros (88,1%); de casados ou em união estável (69,0%) e de possuírem pelo menos um filho (77,8%). As mulheres apresentaram maior sobrecarga de papéis (OR: 1,23; IC95%: 1,05-1,44), insegurança na carreira (OR: 1,31; IC95%: 1,15-1,49), falta de autonomia (OR: 1,18 IC95%: 1,02-1,37), conflito trabalho família (OR: 1,35; IC95%: 1,16-1,56) quando comparadas aos homens que trabalham no mesmo tipo de serviço. Os homens apresentaram maior compromisso e satisfação no trabalho do que as mulheres (OR: 0,633; IC95%: 0,49-0,82). Os demais fatores da EEPCL, da ECO e dimensões do IBET não apresentaram diferença estatisticamente significativa conforme o sexo. Produtos desenvolvidos: Foram fornecidos relatórios com esses resultados para os gestores do SAMU-DF e CBMDF como forma de apoiar decisões e melhorar intervenções para promover maior equidade de gênero. Conclusões: As mulheres foram mais afetadas pelos estressores psicossociais o que provavelmente reduziu o bem-estar no trabalho. Isso possivelmente ocorreu por elas vivenciarem um contexto social diferente dos homens.