A segurança dos alimentos visa assegurar que o processo produtivo seja feito de
forma segura e com eficácia em todas as etapas, desde o recebimento da matéria prima até a
distribuição, evitando ou eliminando os micro-organismos patogênicos que podem contaminar
os alimentos e causar as doenças transmitidas por alimentos. O presente trabalho teve como
objetivo fazer uma revisão bibliográfica sobre as boas práticas na produção dos alimentos nas
escolas municipais de educação infantil. Um dos programas importantes na educação infantil
é o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que é gerenciado pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), autarquia do Ministério da Educação
(MEC), e tem com objetivo atender às necessidades nutricionais dos alunos, durante sua
permanência na escola. A merenda servida para os alunos envolve principalmente a qualidade
dos alimentos, sendo de extrema importância que o programa esteja em bom funcionamento e
garantindo a segurança dos mesmos. Para evitar a ocorrência da contaminação dos alimentos,
deve-se fazer o controle da multiplicação e sobrevivência dos micro-organismos em todas as
etapas dos processos de produção, levando em consideração as práticas de higienização dos
alimentos, utensílios e equipamentos, inclusive práticas de higienização dos manipuladores de
alimentos, prevenindo assim a proliferação microbiana. Os manipuladores de alimentos
exercem um papel fundamental quanto à segurança dos alimentos, portanto devem estar
sempre informados em relação às boas práticas de fabricação. Os manipuladores necessitam
de conhecimento quanto aos prejuízos causados pela alimentação inadequada, sendo
reforçados periodicamente treinamentos quanto à higiene pessoal e higiene dos alimentos.
Considerando a importância das boas práticas de manipulação dos alimentos para
evitar risco de contaminação, a presente pesquisa teve como objetivo o diagnóstico das
condições higiênico-sanitárias das cozinhas das Escolas Municipais de Educação Infantil em
Uberlândia/MG, a fim de verificar todas as etapas que asseguram a produção do alimento
seguro e corrigir possíveis falhas. Foram visitadas 67 EMEI’s e os 13 anexos, nos períodos de
agosto a dezembro de 2018 e foram aplicadas as listas de verificações adaptadas da RDC nº
216/2004. A média de irregularidade foi de 32,04% dos itens avaliados. Entre os mais críticos
foram 1,20% do item documentação e registro, 36,80% do item armazenamento do alimento
preparado e 44,60% do item exposição ao consumo do alimento preparado. As principais
falhas observadas nestes itens foram à ausência do termômetro em todas as escolas, não
permitindo o controle das temperaturas dos alimentos quentes e refrigerados durante o
armazenamento, ausência de identificação e proteção dos alimentos armazenados, além da
contaminação cruzada nessa etapa, havendo mistura dos alimentos prontos para consumo,
como os alimentos crus, e ou desprotegidos. Pode-se concluir que é preciso atenção e
promoção de ações e orientações em relação ao processo produtivo dos alimentos, tanto para
os manipuladores de alimentos, quanto para as autoridades, para que tais falhas sejam
corrigidas e assegurem uma alimentação escolar livre de contaminantes e com qualidade em
todos os quesitos da segurança alimentar.
A presente pesquisa teve como objetivo avaliar o perfil socioeconômico e a
eficácia do treinamento do conhecimento dos manipuladores de alimentos das EMEI’s em
Uberlândia/MG sobre higiene, segurança de alimentos e boas práticas. O treinamento em BP
foi realizado com 230 merendeiras, do total de 433, das 80 EMEI’s, Foram realizados 08
encontros, de 5 horas cada, durante 02 meses, totalizando uma carga horária de 40 horas.
Aplicou-se um questionário com questões relativas a sexo, idade, escolaridade, renda mensal,
experiência anterior com trabalho na área de serviços de alimentação, treinamento prévio em
relação às Boas Práticas. Também, foi aplicado o questionário de conhecimento em Higiene e
Segurança de Alimentos e Boas Práticas, baseado no curso “Boas Práticas de Manipulação em
Serviços de Alimentação” da ANVISA na Resolução RDC nº 216/2004, adaptado e baseado
em outra referência. Os dados do perfil sócio econômico foram apresentados na forma de
gráficos. Dos entrevistados, 225 (97,83%) eram do sexo feminino e apenas 05 (2,17%) do
sexo masculino. Em relação ao estado civil, 53,48% eram casados, Pôde-se observar que mais
da metade dos manipuladores havia concluído o ensino médio (56,09%). Em 41,74% dos
entrevistados, a renda familiar era de três ou mais salários mínimos. Em relação a experiência
na área de alimentação, 54,35% nunca trabalharam nesta área. Dentre os entrevistados,
34,35% (n= 79) participaram duas ou mais vezes de treinamentos ou palestras sobre a
manipulação de alimentos. Em relação ao item que perguntava qual foi o fator que mais
contribuiu para ser o profissional que é hoje, conhecimento adquirido em treinamento ou no
dia a dia, 54% (n= 124) responderam que foi o conhecimento adquirido em treinamentos.
Todos os entrevistados responderam que o conhecimento sobre Boas Práticas era importante.
Já em relação aos conhecimentos, as merendeiras tinham conhecimento sobre as Boas
Práticas, mas houve relatos das dificuldades de executar as atividades de forma mais efetiva.
De acordos com os dados apresentados, pode-se concluir que os manipuladores de alimentos
das EMEI’s apresentam uma variação em relação ao perfil sócio econômico, tais fatores
devem ser explorados e adaptados de acordo com a função de manipulação dos alimentos, a
fim de colocar em prática as Boas Práticas, assegurando a produção de alimentos seguros.