O debate sobre o projeto ético-político – seus fundamentos, expressões, potencialidades e desafios – vem ganhando relevância nos últimos anos e incorporando problematizações diversas sobre o Serviço Social e o seu vínculo orgânico com a luta de classe. Nesta arena de reflexões, a hegemonia ganha densidade e se apresenta como uma questão àqueles que defendem e elaboram conhecimentos sobre este constructo profissional, na perspectiva de compreender sua condição hegemônica e as ameaças a ela. Nessa pesquisa, não reproduzimos estas inquietações na mesma órbita, à medida que reconhecemos a hegemonia do projeto profissional e gravitamos as nossas problematizações para os elementos ético-políticos que caucionam esta hegemonia, os quais vem sendo formulados pela categoria profissional dos assistentes sociais desde os anos 1980 – com os legados da renovação profissional –, mediante uma articulação concreta e classista com as lutas dos trabalhadores e, também, com a interlocução que o Serviço Social vem construindo desde então com a filosofia da práxis. A necessidade de compreender os componentes ético-políticos do projeto profissional valida o vínculo orgânico entre profissão e história, em seus movimentos de afirmação e negação, cuja exponenciação concentra-se privilegiadamente no próprio processamento da luta de classe. Nesse constructo reflexivo, o marxismo é compreendido como filologia vivente, com potencial tradutibilidade histórica, política e filosófica. Enquanto um processo histórico-cultural orgânico, a tradução do materialismo histórico finca-se nos processos concretos da luta de classe e da organização política dos trabalhadores; isto é, de disputa pela hegemonia. Desse modo, compreender os elementos ético-políticos do projeto profissional, em seu vínculo medular com as lutas dos trabalhadores, implica em considerar o Serviço Social como um intérprete da hegemonia – tendo no projeto ético-político e, por conseguinte, na produção dos seus intelectuais singulares e coletivos uma grande expressão desse processo de construção de um conformismo que questione e aponte rupturas com a subalternidade. Estas são as pelejas dessa pesquisa.