Introdução: A obesidade é um dos maiores problemas de saúde pública e vem crescendo ano a ano no Brasil. Os dados da “Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico” (Vigitel), realizada pelo Ministério da Saúde demonstraram que a prevalência de obesidade no Distrito Federal subiu de 18,0 para 19,6%, entre os anos de 2018 e 2019, seguindo a tendência nacional. Desde o início desse monitoramento, em 2006, a obesidade no Brasil saltou de 11,8% para 20,3%, sendo discretamente maior em mulheres e inversamente proporcional ao nível de escolaridade. Segundo a I Diretriz Brasileira de Obesidade a melhor opção para o reconhecimento do indivíduo com obesidade é a combinação entre a massa corporal calculada pelo índice de massa corporal (IMC) e a distribuição de gordura no corpo, sendo esta última mais preditiva de saúde. Nos últimos anos tem-se percebido que obesos podem ter massa muscular esquelética reduzida. A essa condição denominou-se “obesidade sarcopênica”. Objetivos: Avaliar a presença de sarcopenia em obesos enfocando a composição corporal como fator influenciador para uma conduta dietoterápica adequada no processo de recuperação do estado nutricional, bem como associar essa condição com indicadores sociodemográficos, clínicos e dietéticos. Método: Pesquisa transversal e analítica, realizada com adultos obesos, assistidos em um centro especializado de saúde pública do DF. Os indivíduos submeteram-se à uma entrevista de coleta de dados e à avaliação de medidas antropométricas de peso e estatura e de composição corporal em aparelho de impedância bioelétrica. Dados dietéticos foram coletados por meio dos questionários de frequência alimentar e de recordatório 24 horas. Realizou-se estatística descritiva com dados de tendência central (média) e de dispersão (desvio padrão). Para a análise das relações entre as variáveis recorreu-se aos testes de Qui-quadrado (QQ), Kruskal-Walis (KW) e Mann-Whitney. O nível de significância admitido foi de 5% e utilizou-se o software v3.5®. Resultados: Avaliou-se 103 obesos em 2019, com média de 45 anos (DP±11,4) e 42Kg/m2 (DP±5,2), com alto percentual de gordura (média 48,85%) e baixo de MM (média 28,72%). Não se confirmou a hipótese de que a OS seja mais presente em mulheres, em indivíduos com idade mais alta e nem naqueles com comorbidades como hipertensão e diabetes, com alterações no sono e com baixo consumo hídrico. Estabeleceu-se associação direta e positiva (p<0,05) entre o percentual de massa muscular esquelética e a ingestão proteica e entre o IMC e o percentual de adiposidade desses obesos, além de associação inversa entre o IMC e a prática adequada de atividade física. Produtos desenvolvidos: Artigo científico de revisão e artigo original com os principais resultados da pesquisa submetidos à revista científica. Elaborou-se, também, um protocolo (1º e 2º edição) em processo de registro na Biblioteca Nacional, abordando a assistência nutricional ao indivíduo obeso com foco na melhoria da tomada de decisão clínica e apoio diagnóstico em adultos atendidos na rede especializada ambulatorial local. Conclusões: Condutas preventivas para controlar o aumento do tecido adiposo e a perda de massa muscular são necessárias para controle da prevalência de OS, quadro esse com magnitude potencializada diante da adoção de estilo de vida sedentário. Apesar da importância conhecida em se incentivar o consumo de alimentos que resultem em um balanço calórico negativo para alcançar e manter o peso saudável, tornase essencial atentar ao manejo das calorias provenientes de proteínas bem
8
como estimular a prática de atividade física regular como fatores protetores para o avanço desse tipo de obesidade. Nesse estudo enfocou-se a composição corporal como fator influenciador para uma conduta dietoterápica adequada no processo de recuperação do estado nutricional do indivíduo obeso, fato esse confirmado já que houve associação significativa entre o IMC e os percentuais de músculo e de gordura e também com a prática de atividade física e entre o percentual de massa muscular com a quantidade protéica ingerida após avaliação da dieta por meio dos questionários de recordatório 24 horas e de frequência alimentar. Mesmo não se encontrando corelações estatísticas entre a obesidade e a idade, o sexo, a presença de insônia e com o baixo consumo hídrico, identificou-se percentuais relevantes de comorbidades como diabetes e hipertensão nos pacientes estudados. Assim, sugere-se que os profissionais se aprimorem nas tecnologias em saúde disponíveis e se guiem por protocolos de tratamento com enfoque ampliado de forma a estabelecer mecanismos de rastreamento precoce da OS devido à dupla carga metabólica dessa doença.