Introdução: O hipotireoidismo subclínico (HSC) e a síndrome metabólica (SM) são
dois dos transtornos endócrinos mais comuns na população geral e ambos se associam com
risco elevado de morbimortalidade cardiovascular. Estudos populacionais sobre associação
entre o HSC e a SM têm reportado resultados controversos. Objetivos: Investigou-se se HSC,
TSH e T4l associam-se com a SM, seus componentes e com outros fatores de risco
cardiovascular (FRCV) em uma população com elevado risco cardiovascular. Desenho do
Estudo: Estudo populacional transversal. Métodos: Foi utilizada a base de dados de uma
população nipo-brasileira ≥ 30 anos, livre de doenças tireoidianas e de drogas tireoidianas.
Indivíduos sob uso de medicações que interferissem na função tireoidiana ou com qualquer
disfunção tireoidiana, exceto o HSC, também foram excluídos da análise. Modelos de regressão
logística ajustados para idade, sexo e tabagismo foram usados para investigar associações entre
o HSC e os quartis do TSH e T4l com a SM, seus componentes e outros FRCV. Resultados:
Entre 1012 participantes 532 (52,6%) eram do sexo feminino, 913 (90,2%) estavam em
eutireoidismo e 99 (9,7%) em HSC; a média de idade foi de 56,5 (12,4) anos. Nenhuma
associação do HSC com a SM ou seus componentes foi encontrada. No entanto, o risco [odds
ratio (intervalo de confiança de 95%) de SM foi significativamente maior [1,46 (1,01-2,1), p =
0,04] no quartil superior do TSH comparado ao inferior, enquanto o risco de obesidade [1,84
(0,94-3,4), p = 0,04] foi significativamente maior no quartil inferior do T4l comparado ao
superior. Comparando-se participantes em HSC com aqueles em eutireoidismo, as
concentrações séricas de triglicerídeos (p = 0,015) e de homocisteína (p = 0,018) foram
significativamente maiores no sexo feminino, enquanto da Apo B foi maior (p = 0,048) no sexo
masculino, Conclusões: Nesta população, concentrações mais elevadas do TSH e inferiores do
T4l associaram-se, respectivamente, com maior risco de SM e obesidade. Os dados sugerem
que a função tireoidiana normal-baixa agrave o risco cardiovascular na SM, mesmo em uma
população já exposta a risco muito alto.