Introdução: Este trabalho é um estudo de caso de uma gestação decorrente de estupro na qual a gestante teve o seu pleito por aborto legal mal gerido, e foi obrigada a levar a gestação a termo. Ela iniciou um trabalho de Pré-Natal Psicológico (PNP) para que pudesse lidar com os agravos psíquicos do trauma, e com a escolha a ser feita após o nascimento do bebê, adoção ou tomá-lo como filho. Objetivo: Compreender as produções subjetivas relacionadas ao processo de gravidez pós-estupro, a construção da maternidade neste contexto e avaliar o potencial protetivo do pré-natal psicológico para a vítima gestante. Método: Pesquisa qualitativa no formato de estudo de caso retrospectivo e longitudinal a partir de atendimentos realizados ao longo de três anos e de dados secundários de prontuário do acompanhamento pré e pós-natal psicológico de uma paciente que engravidou após crime de estupro. O referencial metodológico foi baseado na Teoria da Subjetividade de González-Rey (2005). Realizou-se uma análise construtivo-interpretativa que revelou três núcleos de sentido subjetivo da participante. Resultados: Os três núcleos de sentido da paciente foram obtidos a partir de repetições de situações vividas pela paciente e também pelas elaborações que ela fazia a partir disso. Os núcleos analisados foram: violências, sequelas emocionais do estupro e construção da maternidade. Percebemos também que o pré-natal psicológico é uma ferramenta válida e efetiva no acompanhamento desse tipo de gestante e seu seguimento como pós-parto psicológico. Considerações finais: Foi notável a relevância do atendimento psicológico na modalidade pré e pós-natal psicológico em uma situação de gravidez decorrente de estupro e ainda acompanhar o desenvolvimento da relação da díade mãe-bebê. Produtos: A partir do estudo foram desenvolvidos um artigo sobre o papel da psicóloga na cena do parto e um protocolo com a sistematização do pré-natal psicológico para gestantes pós estupro.