A violência é constante no campo da experiência humana. Como forma de representação ficcional na literatura brasileira, a violência suscita reflexões pautadas em como esse problema de grande repercussão nacional ganha forma literária por meio dos enredos da ficção brasileira. Questões como essas revelam uma gama de discussões sobre o tema. Assim, tais problemáticas constituem o ponto focal da presente pesquisa, cujo objetivo consiste em analisar a representação da violência em autores da narrativa curta brasileira contemporânea. O corpus é composto pelas narrativas “O cobrador” (1979), de Rubem Fonseca; “O menino e seu pai caçador” (1980), de Berilo Wanderley, e “Maria” (2014), de Conceição Evaristo. Seguindo tal percurso reflexivo, analisou-se as referidas narrativas à luz dos conceitos de Antonio Candido (1987), Antonio Hohlfeldt (1981), Alfredo Bosi (2006), Jorge de Sá (2005), Nádia Batella Gotlib (2006), Karl Erik Schollhammer (2011), Beatriz Resende (2014) e Mônica Rector (2015), que trazem considerações sobre a narrativa curta no Brasil. Quanto à teoria que aborda a violência, dialogou-se com Regina Dalcastagnè (2008), Jaime Ginzburg (2013), Slavoj Žižek (2014) e Byung-Chul Han (2017), dentre outros. Acrescenta-se ainda a fortuna crítica dos escritores Rubem Fonseca, Berilo Wanderley e Conceição Evaristo e sobre as questões envolvidas na temática. Do ponto de vista metodológico, esta pesquisa é predominantemente bibliográfica, de cunho crítico-analítico, embasado na abordagem qualitativa. De modo geral, pode-se afirmar que o tratamento dado à temática da violência e sua representação nos textos literários dos autores analisados vêm absorvendo as diferentes manifestações violentas conforme o seu contexto. Quanto à análise das narrativas, estas revelaram como a violência, tanto física quanto psicológica, se instaura como elemento intrínseco aos enredos dos textos selecionados, afetando a vida dos personagens e contribuindo para uma discussão sobre a função humanizadora da literatura perante um grande problema nacional que persiste no cotidiano dos brasileiros e é demonstrado nas narrativas de ficção curta apreciadas.