O objetivo geral dessa tese esteve pautado em analisar narrativas e significações contidas na junção corpo, moda e gênero, por meio da análise do percurso visual de Linn da Quebrada. A escolha da personagem é decorrente da posição ocupada no cenário midiático como cantora, pelo caráter contestador de suas músicas e performance visual, e por trazer em sua trajetória o pertencimento quanto às causas da população negra e transgênera. Essas são razões significativas para ser eleita como veículo para a compreensão das mudanças ocorridas na produção e difusão da moda, com as sucedidas no social, no sistema e cultura de moda, que permearam aspectos do/no contemporâneo. Moda e comunicação, em diferentes veículos midiáticos, explicitam e produzem culturas, ideias e valores, possibilitam pensar questões relacionadas ao corpo, ao gênero e raça, por exemplo. Os objetivos específicos consistiram em acompanhar as transformações visuais da personagem, de modo a assimilar as relações entre corpo e moda, as mudanças estéticas e os usos que a mesma fez desses elementos para questionar conceitos de masculino e feminino, bem como identificar como a música e a moda foram empregadas nas construções de discursos em suas aparições midiáticas. Discutiu-se conceituações sobre corpo e moda, de modo a abranger expressões de vida da mulher trans; investigou-se a construção da identidade visual de artistas da música por intermédio da moda e como tais sujeitos foram e são disseminadores de novos costumes, a fim de trazer à tona feitos de pessoas trans na música e na moda; identificou-se expressões, símbolos e discursos contidos nas escolhas de moda utilizada por Linn da Quebrada e como se deram apreciações e contestações nesse sentido. O eixo metodológico estabeleceu-se em pesquisa documental exploratória de cunho qualitativo e pesquisa bibliográfica, visto que aquela permite acesso a documentos que ainda não foram ou receberam pouco tratamento analítico e acadêmico, e essa norteia todo e qualquer fazer científico. O recorte temporal empregado foi de janeiro de 2017 a outubro de 2018, considerado pertinente por ser o período em que a artista ascendeu sua carreira e acessou mídias especializadas em moda. O texto versou sobre as pautas interseccionais classe, gênero e raça, e como a moda oportunizou um lugar de fala, de produção de narrativas e lutas decoloniais em um espaço temporal em que a pauta governamental conservadora, de certo modo, repreendeu essas existências. Linn da Quebrada transitou por veículos e eventos de moda e os utilizou, juntamente com sua música e corpo, como meios de legitimação, que promoveram reflexões disruptivas sobre modos de ser e vestir, subvertendo normativas quanto às mulheridades e quanto aos visuais e produção criativa existentes no sistema da moda, gerando e contribuindo com militâncias relevantes na História do Tempo Presente, e sendo parte significativa do que foi conceituado durante o texto como TRANSmodus.