A região Noroeste do Paraná apresenta grandes problemas envolvendo a dinâmica erosiva dos solos, dinâmica essa que tem sido modificada pelas ações antrópicas. O presente trabalho buscou compreender o processo de evolução de uma voçoroca instalada em um sistema pedológico oriundo do arenito da Formação Caiuá, ao longo de um vale em berço, localizado no município de Paranavaí, no distrito do Sumaré. As metodologias empregadas para o desenvolvimento desse estudo foram: levantamento de imagens aéreas dos anos de 1980, 2008, 2010, 2012, 2014, 2016, 2017, 2018 e 2019; mapeamento do fluxo d’água; entrevista com o proprietário; análises dos dados pluviométricos dos anos de 1976 a 2018; análise estrutural da cobertura pedológica; ensaios físicos como: granulometria, argila dispersa e grau de floculação, porosidade total, macroporosidade, microporosidade e estabilidade de agregados; condutividade hidráulica utilizando o permeâmetro de Guelp; análises químicas como, pH em água, KCl, SMP e CaCl, ∆pH e acidez potencial, macronutrinentes (Mg2+, K+, Ca2+, P), Al3+, carbono orgânico e o ataque sulfúrico para determinação dos óxidos de ferro, alumínio e titânio. Com base nas análises dos dados pluviométricos constatou-se que o ano de 2015 foi o mais atípico da série histórica, apresentando elevados índices de chuva e contribuindo para o avanço significativos da voçoroca. E ao longo da topossequência foram identificadas três classes de solos: na alta vertente o Latossolo Vermelho Ácrico típico, em direção a média vertente o Argissolo Vermelho Distrófico arênico, e no sopé o Neossolo Quartzarênico Ótico típico. Constatou-se que o sistema pedológico se apresentava em desequilíbrio e identificou-se duas frentes de transformação: a primeira ocorre do topo até a média vertente, quando o horizonte Bt avança de forma remontante sob o horizonte Bw, e o horizonte AB do topo é destruído pelo E da média vertente; e a segunda frente, acontece pelo avanço remontante do horizonte E do Neossolo Quartzarênico do sopé sob o horizonte Bt do Argissolo da média vertente. O manejo de pastagens contribuiu para alterações das características físicas do Latossolo. As características morfológicas do Argissolo da média vertente, interferem na circulação hídrica da topossequência e consequentemente na dinâmica erosiva da área. A pouca presença de matéria orgânica e argila no Neossolo do sopé, contribuíram para elevar a condutividade hidráulica do setor. Diante de todos os dados apresentados, pode-se concluir que a voçoroca apresenta duas dinâmicas erosivas, a primeira ocorre na média vertente, onde a evolução se dá em largura e a segunda ocorre no sopé, com uma evolução em profundidade