As constantes mudanças emanadas do contexto digital impuseram alterações nas principais ações do cotidiano e, não obstante, suscitaram novos desafios ao processo de ensino e aprendizagem, mormente, nas instituições de Educação Infantil. De forma contundente, as crianças que hoje integram o corpo discente das escolas possuem vivência digital que as difere daquelas para as quais o sistema educacional foi criado. Inserir tecnologias digitais, de forma específica dispositivos móveis e aplicativos educacionais no contexto da Educação Infantil, se constitui parte da função pedagógica das escolas, haja vista as prerrogativas de se trabalhar os saberes e experiências das crianças. Nesse sentido, a presente pesquisa, que teve como objetivo geral analisar possibilidades pedagógicas de aplicativos e dispositivos móveis na mediação do ensino e aprendizagem na Educação Infantil, utilizou como campo de investigação as instituições que atendem creches e pré-escolas no município de São Miguel, Estado do RN. Como percurso metodológico, utilizamos a abordagem de natureza mista – qualitativa e quantitativa, com recurso à técnica de estudo de caso e pesquisa bibliográfica. Como instrumento de coleta de dados, nos apoiamos na aplicação de questionário a quarenta e cinco docentes do município. A análise dos dados, suportada na técnica da estatística descritiva, permitiu aprofundar o estudo inerente à nossa unidade de análise – formação na área tecnológica, conhecimento de apps voltados ao público infantil e à frequência de sua utilização no espaço escolar. Os resultados evidenciam que os professores, em sua maioria, utilizam ferramentas digitais em diferentes contextos e reconhecem os benefícios das tecnologias associados tanto ao processo de ensino quanto ao de aprendizagem percebidos na: diversificação metodológica; interação professor-aluno; interação e criatividade; motivação e estímulo à superação de desafios; e raciocínio lógico e concentração. Como desafios à inserção tecnológica, alguns condicionantes foram demarcados, sendo: formação docente limitada na área tecnológica – em nível técnico e pedagógico; poucos recursos tecnológicos existentes nas instituições; falta de infraestrutura; desconhecimento de apps voltados ao público infantil; e ausência de um trabalho direcionado à inclusão digital no Projeto Político Pedagógico das escolas. Para tanto, a alusão ao uso de apps e a dispositivos móveis, embora esporádica, demostrou iniciativas de inovação metodológica mediadas por tecnologias. Em conclusão, notou-se que a formação docente emerge de forma preponderante, tanto a nível de problema quanto de solução. Embora os professores reconheçam a importância das tecnologias nessa etapa de ensino e demonstrem tentativas de inserção tecnológica, o desconhecimento de apps voltados ao público infantil ou adaptados a essa realidade se tornou fator evidente entre o público pesquisado. Constatou-se, ainda, a discrepância entre os documentos que regem a educação infantil (DCNEI; BNCC) e os documentos internos das instituições (PPP) no que se refere à inserção da educação tecnológica nos espaços da Educação Infantil.