A própolis é um produto natural resinoso elaborado pelas abelhas melíferas a partir de diferentes partes das plantas, como brotos e flores. Sua composição química é muito complexa e depende de fatores como clima, sazonalidade, solo, vegetação e também da espécie da abelha produtora. A própolis atualmente tem sido apontada como uma importante fonte de substâncias bioativas por conta do seu elevado potencial biológico, com atividade anti-inflamatória, antibacteriana, antiviral, antitumoral, antiparasitária e antioxidante. Neste trabalho foram preparados extratos etanólicos e hexânicos a partir de três amostras de própolis verde, obtidas em diferentes regiões do Estado do Rio de Janeiro. A qualidade desses extratos foi avaliada a partir de métodos colorimétricos para a determinação do teor de substâncias fenólicas – teor de fenólicos totais e flavonoides totais – e da capacidade antioxidante através da captura dos radicais livres 2,2-difenil-1-picrilhidrazila (DPPH) e ácido 2,2’-azino-bis(3-etilbenzotiazolina-6-sulfônico) (ABTS+.), além da capacidade redutora do íon férrico (FRAP – ferric reducing antioxidant power). O perfil químico dos extratos foi avaliado através de cromatografia líquida de alta eficiência com detector de arranjo de diodo (CLAE-DAD) com fase reversa (C-18). Os componentes bioativos ácido 3,5-diprenil-4-hidroxicinâmico (Artepillin C), ácido 3-prenil-4-[(3-fenilpropanoil)oxi]-cinâmico (bacarina) e ácido 2,2-dimetil-8-prenilcromano-5-propenoico foram isolados a partir do extrato hexânico de própolis verde através de duas etapas cromatográficas: fracionamento em coluna flash do extrato bruto utilizando clorofórmio: acetona, com gradiente crescente de polaridade, seguido da purificação das frações de interesse por CLAE-UV semipreparativa, tendo como solvente a mistura binária metanol: água em gradiente crescente de concentração. Todos os constituintes isolados foram caracterizados por técnicas de ressonância magnética nuclear (RMN 1H e 13C), espectrometria na região do ultravioleta (UV) e cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas (CG-EM), e o teor desses componentes dos extratos brutos foi quantificado por CLAE-DAD. A atividade antiparasitária da própolis verde e de seus princípios ativos foi avaliada frente às formas infectivas (tripomastigotas) de Trypanasoma cruzi, parasito responsável por causar a doença de Chagas.