As crenças que o professor constrói a partir de suas experiências podem exercer forte influência sobre sua prática no processo de ensino-aprendizagem em sala de aula. As experiências possuem uma estreita relação com as crenças, haja vista a constituição que ambas possuem. As pesquisas que envolvem esses dois fenômenos têm sido crescentes no campo da Linguística Aplicada e têm servido para compreender muitas das problemáticas que envolvem o ensinar-aprender. O ensino de leitura é uma dessas problemáticas que merece ser discutido como um elemento necessário de ser trabalhado na disciplina de língua portuguesa numa perspectiva crítica. Levando isso em consideração, este estudo objetiva investigar as crenças e as experiências de professores de língua portuguesa sobre o ensino de leitura crítica no ensino médio. Para subsidiar nossas discussões, adotamos como referencial teórico as contribuições de Barcelos (2001, 2004, 2006, 2007), Bonfim; Conceição (2009), Oliveira (2007), Silva (2007), Nascimento et al (2020), entre outros que tratam das crenças sobre o processo de ensino-aprendizagem. Acerca das experiências, embasamo-nos nos estudos realizados por Miccoli (2006, 2010) Bomfim e Conceição (2009), Martins et al (2015). Em se tratando de leitura crítica, apoiamo-nos em Kleiman (2008), Cafiero (2010), Freire (1987, 1996, 2001, 2011), Martins (2012), Oliveira (2015), Rodrigues (2018) e outros. Esta investigação caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa, de natureza fenomenológica, descritiva e interpretativista; é também do tipo etnográfica e segue uma abordagem contextual, inserida nos fundamentos da Linguística Aplicada e realizada com quatro professores de língua portuguesa. Utilizamos como instrumentos de pesquisa a observação em sala de aula, o autorrelato e uma oficina com um dos participantes. Os resultados deste estudo mostram que os professores reconhecem o ensino de leitura como prioridade em suas aulas de língua portuguesa e adotam estratégias diferenciadas na mediação desse ensino. Esses docentes concebem o aprendizado da leitura como condição importante para ajudar o aluno a aprender interpretar, raciocinar e fazer uso dessas habilidades para a compreensão de conteúdos da língua portuguesa e das demais disciplinas do currículo escolar. A pesquisa possibilitou a constatação de que a leitura crítica ainda se mostra distante das práticas de ensino dos professores. É necessária, portanto, a ampliação de debates que possam mediar docentes da língua portuguesa a construírem estratégias capazes de proporcionar ao aluno questionar, debater, dialogar, opinar, refutar, criticar e fazer uso dessas habilidades em situações diversas de seu cotidiano.