A violência cometida sobre corpos de mulheres representa uma das mais melindrosas problemáticas a serem discutidas e enfrentadas pela sociedade. Nesse sentido, objetivamos identificar as espacialidades da violência de gênero sobre a perspectiva de uma geografia feminista, em uma escala local - o município de São Gonçalo (RJ). Reconhecemos a necessidade de visibilizar uma questão que atinge mulheres por todo o mundo: as múltiplas formas de violência contra seus corpos. A nossa opção teórica apreende o corpo como escala geográfica, de forma a problematizar as múltiplas escalas que perpassam o espaço privado, como violência doméstica, mas que se ampliam diante da circulação desse corpo na cidade. A metodologia consiste na observação de dados, que dialoga com levantamento bibliográfico unidas aos dados elaborados pelo Instituto de Segurança Pública – ISP, nos documentos do Dossiê Mulher entre os anos de 2004 e 2018. Com isso, observamos a espacialidade desses corpos de mulheres em relações heterossexuais entre pessoas cisgêneros no município de São Gonçalo. As inquietações surgem no sentido da compreensão da importância de identificar os processos que contribuem para colocar a mulher nesse lugar, à mercê de uma violência que passa a ser, portanto, generificada. Os dados analisados juntamente com o os elementos teórico-conceituais da geografia, unidos à reflexão sobre os processos históricos-geográficos que contribuíram para esse fenômeno social. Portanto, o corpo feminino é escala geográfica de luta que, ao vivenciar a violência doméstica por seus parceiros, torna-se marcador de/em espaços de luta em transição para acesso aos espaços de proteção e atendimento na cidade.