Objetivou-se analisar o panorama das publicações sobre pulpectomia, de forma geral, além de verificar as evidências acerca do potencial de redução de endotoxinas pelo hidróxido de cálcio e investigar a influência da pandemia de COVID-19 em relação à realização de procedimentos endodônticos em Odontopediatria. Para tanto, foram realizados três estudos. O primeiro visou mapear e discutir, por meio de uma revisão bibliométrica, o panorama das publicações científicas acerca da pulpectomia em dentes decíduos utilizando os termos “pulpectomy”, “root canal”, “child” AND “preschoolar”. O segundo estudo delineou-se como uma revisão sistemática, seguida de metanálise objetivando verificar se existem evidências de redução de endotoxinas antes e depois do uso de hidróxido de cálcio como medicação intracanal em canais radiculares infectados. Riscos de avaliação de viés e metanálises foram realizados. A certeza de evidência foi determinada pelo GRADE. O terceiro estudo pretendeu verificar as possíveis influências da pandemia de COVID-19 na realização de procedimentos endodônticos em Odontopediatria, por meio da aplicação de um questionário eletrônico composto por perguntas divididas em 3 domínios: (1) informações profissionais; (2) gerenciamento de biossegurança e (3) protocolo endodôntico de atendimento antes e durante a pandemia. Após a realização dos três estudos, foi identificada uma tendência na pesquisa científica para a utilização de instrumentação mecanizada e pastas obturadoras mais biocompatíveis e eficazes. Foi possível observar ausência de estudos clínicos multicêntricos sobre procedimentos de pulpectomia em dentes decíduos. A maioria dos estudos foi publicada em periódicos de Odontopediatria, apresentaram ampla variedade de protocolos de tratamento e foram realizados principalmente em países em desenvolvimento, denotando claro viés nas opções de tratamento oferecidas para crianças em todo o mundo, uma vez que o acesso aos serviços de anestesia geral em países desenvolvidos favorece a exodontia dos dentes com comprometimento pulpar. Além disso, concluiu-se que o hidróxido de cálcio reduz os níveis de endotoxinas quando usado como medicação intracanal, mas é incapaz de eliminá-las completamente em dentes permanentes, independentemente de sua associação com alguma solução irrigante. Não foram recuperados artigos em dentes decíduos. No terceiro estudo, a amostra final foi composta por 313 participantes de todos os estados brasileiros. A maioria dos participantes era do sexo feminino (90,35%), e mais da metade cursou Odontopediatria em instituição privada (50,25%) há mais de dez anos (53,63%) e trabalha em metrópole (54,75%). No geral, a maioria dos respondentes atualmente prática Odontopediatria exclusivamente em clínicas privadas (61,63%). Durante a pandemia de COVID-19 foi possível ver um aumento na complexidade dos casos planejados previamente e da quantidade de urgências odontológicas. Levando isso em consideração, muitos odontopediatras sentiram a necessidade de se reinventarem, priorizando técnicas minimamente invasivas e com um menor tempo de consulta. Com isso, pôde-se notar uma tendência pela busca do tratamento endodôntico não instrumental (p<0,01), justamente por ser uma técnica mais rápida e barata. Apesar de já existirem muitos trabalhos publicados acerca da endodontia em dentes decíduos, conforme constatado nos dois primeiros estudos, observa-se que ainda são necessárias novas investigações nessa área.