A identificação das doenças mais frequentes que ocorrem nos estabelecimentos de
produção aviária de uma região fornece informações valiosas para produtores,
veterinários e oficiais de saúde animal, pois permite estabelecer medidas sanitárias
de biossegurança e de controle destas doenças. Existem diferentes parâmetros que
permitem avaliar o desempenho de um lote avícola, sendo a taxa de mortalidade um
dos mais representativos. Na região nordeste do Pará, não há trabalhos que
estabeleçam as taxas de mortalidade e, sobretudo, suas causas mais importantes.
Portanto, o objetivo deste estudo é determinar as causas de mortalidade em aves de
corte criadas em sistema intensivo em uma granja comercial da região nordeste do
Pará. Para isso, foi acompanhado um lote com 32 mil aves, em um ciclo de produção
de 42 dias, durante o qual foram realizadas necropsias e análises histológicas de
amostras de aves que morreram espontaneamente. As causas de mortalidade foram
classificadas em 3 grupos: alterações infecciosas, alterações não infecciosas e
indeterminada. Algumas aves tiveram mais de um diagnóstico, motivo pelo qual o
número de alterações diagnosticadas é superior ao número de aves necropsiadas.
Durante o período foi registrada uma mortalidade de 1508 aves, representando o
4,4%, dos quais 447 aves (29,4%) eram refugo. Foram necropsiadas 237 aves, sendo
estabelecidos 338 diagnósticos dos quais 170 (50,3%) foram classificados como
infeciosos e 168 (49,7%) não infecciosos. Das 237 aves necropsiadas, 129
apresentavam alguma alteração infecciosa. As principais alterações infecciosas
observadas foram aerosaculite (28/8,3%), polisserosite (23/6,8%), pneumonia 22
(6.5%), onfalite/infecção do saco da gema (21/6,2%), pododermatite (20/5,9%),
hepatite necrótica (17/5,0%), endocardite vegetativa (14/4,1%) e pericardite fibrinosa
(10/3,0%). As principais alterações não infecciosas diagnosticadas foram a síndrome
ascítica (40/11,8%), degeneração da cabeça do fêmur (36/10,7%), traqueíte
(34/10,1%) e caquexia/inanição (23/6,8%). Embora a taxa de mortalidade não tenha
sido considerada elevada, as principais causas de mortalidade foram alterações
infecciosas, diferente do observado em outros estudos. Isso demostra a necessidade
de se identificar os fatores epidemiológicos e etiológicos responsáveis por essas
alterações, a fim de implementar medidas de controle e profilaxia adequadas.