O bullying, um tipo de violência escolar estudado há mais de cinquenta anos, persiste até os dias atuais. Considerando que esses tipos de conflitos surgem das interações sociais e podem ser solucionados com base no diálogo, buscamos averiguar se a existência de espaços públicos comunicativos no mundo da vida escolar podem contribuir para a solução de problemas morais-práticos, como o bullying escolar, assim, propusemos compreender como ações comunicativas no mundo da vida escolar podem contribuir para a solução de problemas relacionados ao bullying e para o desenvolvimento da autonomia, através dos seguintes objetivos específicos: a) investigar as concepções dos sujeitos escolares acerca do bullying, conhecendo o modo como resolvem problemas desta natureza; b) conhecer as ações antibullying pautadas no Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Lei Federal nº 13.185/2015); e, c) identificar a existência de espaços públicos de comunicação, comparando suas regras de resolução de conflitos aos pressupostos do agir comunicativo. Trata-se de uma pesquisa de natureza aplicada com abordagem qualitativa e finalidades exploratória e descritiva que, por meio dos métodos dialético e fenomenológico, utilizando como procedimentos técnicos a investigação bibliográfica e a pesquisa de campo, entrevistamos de forma individual um representante da direção, da coordenação pedagógica, dois professores e quatorze alunos dos anos finais do ensino fundamental de duas escolas públicas municipais, uma localizada na sede municipal e outra na zona rural do município de São João do Rio do Peixe/PB. Pela investigação bibliográfica e pelos resultados encontrados na pesquisa de campo, identificamos as concepções dos sujeitos escolares e incompreensões acerca do bullying, as ações antibullying desenvolvidas pelas escolas, não pautadas na Lei nº 13.185/2015 e a inexistência de espaços de discussão destinados a resolução de conflitos morais-práticos. Com base em conceitos centrais da teoria habermasiana, compreendemos que a escola pode ser entendida como espaço público de comunicação que, a partir do desenvolvimento da competência comunicativa e da consciência moral, pode contribuir na formação de indivíduos autônomos, capazes de solucionar problemas morais-práticos, como o bullying escolar.