Este trabalho buscou analisar os sentidos da escolarização para adolescentes negros e negras moradores da periferia da cidade de Cajazeiras-PB. Para tanto, partimos da seguinte questão norteadora do estudo: Qual o sentido da escolarização para adolescentes negros e negras da periferia da cidade de Cajazeiras-PB? Para responde-la, o percurso metodológico trilhado por nós para realização da pesquisa foi a abordagem qualitativa, seguindo a natureza descritiva e interpretativa. O instrumento de coleta de dados foi a entrevista semiestruturada baseada em um roteiro de perguntas previamente elaborado. Os sujeitos envidados na pesquisa foram seis adolescentes de uma escola pública localizada em uma periferia da cidade de Cajazeiras-PB. As bases epistemológicas para fundamentar o trabalho foram os estudos de Souza (2003, 2009) sobre desigualdade social, Almeida (2020) para problematizar as questões do racismo brasileiro e Dubet (1994) sobre a construção de sentidos da escolarização a partir dos estudos sobre a experiência social. Mediante a análise dos dados evidenciamos que os sentidos da escolarização para nossos sujeitos esta articulado a autonomia financeira e mudança de classe social. A experiência social que esses adolescentes construíram no decorrer de suas trajetórias escolares foi pautada na ideologia do desempenho em que a lógica meritocrática os fez acreditar que para ocuparem um lugar de destaque na sociedade é necessário o esforço individual independentemente dos condicionantes externos que apenas naturalizam as desigualdades em nosso país. Destacamos ainda que, embora a escola se apresenta de forma positiva para os sujeitos entrevistados, não tem cumprido sua função social por não problematizar com esses meninos e meninas os processos de invisibilidade por qual passaram as minorias e o poder que as forças de dominação execrem para internalizar nas massas o sentimento de inferioridade culpado as próprias vítimas pelos seus sucessos e fracassos. A categoria racismo também se destaca como fator que merece atenção por parte da instituição educativa à medida que percebemos a dificuldade que os adolescentes sentem ao falar sobre a temática. O racismo se apresenta de forma velado em suas falas e que a discriminação racial compreendida por eles se faz apenas no campo individual.