O presente estudo é composto por dois capítulos, sendo o primeiro um artigo de revisão sistemática que abordou as evidências científicas para a diferença de biomarcadores do estresse oxidativo em indivíduos com diabetes mellitus tipo 2 com e sem periodontite. Foram incluídos 9 estudos na análise final, pesquisados através das seguintes bases de dados: PubMed, Scopus, Embase, Web of Science, Cochrane Library, Biblioteca Virtual da Saúde e por outras fontes. Os estudos relataram elevadas concentrações de agentes oxidantes e baixos níveis de antioxidantes em indivíduos com diabetes mellitus tipo 2 e periodontite quando comparados aos indivíduos sem periodontite. Considerando os poucos estudos encontrados, as falhas metodológicas, poucos marcadores estudados e ausência de homogeneidade na avaliação dos marcadores do balanço redox, bem como, a baixíssima certeza da evidência entre os estudos incluídos nesta revisão sistemática, não foi possível determinar se há ou não diferenças nos níveis de estresse oxidativo em indivíduos com diabetes mellitus tipo 2 associado ou não à periodontite e, portanto, estudos observacionais prospectivos e de intervenção são recomendados. O segundo capítulo é um artigo de pesquisa que retrata a periodontite e o diabetes mellitus tipo 2 como doenças com características de inflamação crônica e com estresse oxidativo permanentemente elevado, o que afeta o padrão de funcionamento do sistema imunológico e resulta em danos a importantes macromoléculas biológicas. Trata-se de um estudo observacional, que objetivou avaliar biomarcadores da homeostase redox em saliva e a presença de alterações nucleares em pacientes com periodontite com ou sem diabetes tipo 2 e em indivíduos periodontalmente e sistemicamente saudáveis. Um total de 60 participantes foram divididos igualmente em três grupos: diabetes tipo 2 com periodontite (DPE); sem diabetes com periodontite (PE); saudáveis sem doença periodontal (HC). Após as medições clínicas periodontais, as células epiteliais da mucosa jugal e a amostra de saliva foram coletadas. O dano ao DNA foi determinado pela contagem de micronúcleos e anormalidades nucleares em células epiteliais. Os níveis de estresse oxidativo foram determinados por glutationa reduzida (GSH), ácido úrico (UA), capacidade antioxidante total (TAC), substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARs) e proteínas totais. Os dados numéricos foram testados pelos testes de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis, as variáveis numéricas pelo teste do qui-quadrado e as correlações pelo coeficiente de Spearman, regressões linear e logística foram realizadas, adotando o nível de significância de 5%. As frequências de micronúcleos, cariorrexia, cromatina condensada e células picnóticas, e dos biomarcadores GSH e UA foram significativamente maiores no grupo DPE seguido dos grupos PE e HC (p<0,05). Glicemia em jejum, hemoglobina glicada, frequência de micronúcleos (MN), anormalidades nucleares (NA - cariorrexia, cromatina condensada e células picnóticas), GSH e UA apresentaram de leve a moderada correlação positiva com os parâmetros de progressão da periodontite (p<0,05). A análise de regressão linear mostrou que GSH categorizada teve correlação com sangramento gengival (p = 0,002) e TBARs (p = 0,020) e UA com sangramento à sondagem (p = 0,001) e TAC (p = 0,001). A análise de regressão logística mostrou que os níveis categorizados de GSH tiveram correlação com sangramento à sondagem (OR = 1,121 [95% CI, 1,025-1,225]) e supuração (OR = 0,155 [95% CI, 0,029-0,838]). Portanto, as correlações positivas entre os parâmetros periodontais, MN, NA (cromatina condensada, células cariorréticas e picnóticas), e os parâmetros redox na saliva (GSH e UA) refletem piores condições periodontais e dos parâmetros do diabetes mellitus tipo 2. Os biomarcadores na saliva (GSH e UA) apresentaram um importante papel na detecção de alteração no funcionamento do balanço redox e dos danos nucleares em células epiteliais da mucosa jugal.