Nos últimos anos, vem ocorrendo no Brasil um sistemático processo de fechamento de escolas rurais. De acordo com dados da Sinopse Estatística do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), entre os anos de 1997 e 2019, foram desativadas 82.254 escolas rurais de educação básica em todo o território nacional e, no mesmo período houve um aumento de 37.344 escolas de educação básica em áreas urbanas. Apesar do fechamento de escolas rurais não ter ocorrido da mesma maneira em todas as regiões geográficas, foi possível notar que houve uma diminuição no número de escolas rurais e uma ampliação no número de escolas urbanas nas cinco regiões brasileiras. A proposta dessa pesquisa é analisar a relação entre o processo de fechamento de escolas rurais que vem ocorrendo no Brasil nos últimos anos e a expansão do agronegócio no campo brasileiro. Para alguns autores, a principal causa do fechamento de escolas rurais é o avanço do agronegócio no campo, que tem expandido a monocultura e a concentração de terras. Uma segunda causa do fechamento de escolas rurais, que também tem relação com a expansão do agronegócio, é a fragilização da agricultura familiar camponesa, uma vez que os créditos e subsídios destinados ao agronegócio são muito maiores. Esse estudo será realizado partindo de um primeiro diagnóstico relativo a quais mesorregiões brasileiras mais expandiram a área de rebanho bovino e de lavouras dos principais produtos do agronegócio (soja, milho, cana-deaçúcar, eucalipto e pinus) e comparando com os microdados do Censo Escolar e os dados das sinopses estatísticas das mesorregiões brasileiras que mais fecharam escolas entre os anos de 2007 e 2019. A partir dessa análise comparativa foram produzidas tabelas, mapas e gráficos que demonstram a relação entre a retração da oferta escolar e a expansão da área de lavouras e da criação de bovinos por parte do agronegócio no campo brasileiro.