Fundamentado na Sociologia da Infância, o presente trabalho tem como objetivo analisar as relações de gênero nos processos de construção social infantil no âmbito da educação infantil. O foco principal se dá em torno da concepção de criança enquanto aquela que ressignifica o meio através da capacidade de produzir cultura, e de transgredir padrões. Para efetivação do referente trabalho, foi usado a etnografia a partir da observação direta no locus da pesquisa, com realização de rodas de conversa e registro em caderno de campo. A pesquisa etnográfica permitiu a pesquisadora acompanhar, adentrar, compreender e inserir-se no contexto de vida da criança no espaço da Educação Infantil, enxergando a criança a partir do seu mundo, de sua realidade no lócus sociocultural e educativo no qual ela está inserida. Em meio aos achados da pesquisa, compreendo que a instituição de Educação Infantil é um campo que possibilita desde cedo o contato com as relações de gênero na infância. Nessa caminhada, as vivências com o brincar e as interações entre meninos e meninas; bem como as vozes destes somados aos pressupostos teóricos dessa pesquisa, possibilitaram a efetiva concretização desse trabalho, na medida em que oportunizou abertura para um maior aprofundamento de questões pertinentes ao âmbito da Educação Infantil junto a crianças de quatro e cinco anos de idade. Ao longo da pesquisa compreendo que há uma grande atribuição de características, vivências e objetos como sendo próprios do ser menino e menina nas diferentes instâncias, ao ponto que essa ideia perpassa tanto discursos quanto ações dos diferentes sujeitos – da escola e família. Por fim, percebo que a condição de gênero, legitimada em meninos e meninas, forma-se em construções, imagens, modelos, símbolos, nas quais estão presentes conflitos, tensões e negociações, seja por meio da manutenção do estereótipo, seja na resistência, ou, ainda, na luta por sua ruptura.