Esta pesquisa surge em um contexto de mudança para o futebol de mulheres, marcado pela normativa da CONMENBOL que obrigou os clubes a terem equipes de mulheres para poderem disputar campeonatos continentais. Diante de um cenário que afeta diretamente o desenvolvimento de carreira daquelas que se dedicam ao futebol de mulheres, nos debruçamos a compreender das percepções e expectativas das atletas quanto à profissionalização da modalidade. Nesse sentido, buscou-se responder as seguintes questões: Quais são as tendências do processo de profissionalização do futebol de mulheres no Brasil? Quais são as condições de desenvolvimento da carreira esportiva no futebol de mulheres? Como a literatura acadêmica tem descrito os efeitos das políticas recentes de fomento ao futebol de mulheres? O objetivo dessa pesquisa foi descrever como as mudanças recentes no futebol de mulheres brasileiro têm influenciado o desenvolvimento da carreira esportiva e das percepções e expectativas das atletas quanto à profissionalização da modalidade. Essa pesquisa se vale de uma abordagem qualitativa, que busca trabalhar de forma profunda com as percepções das atletas sobre esse processo. Foram entrevistadas 20 jogadoras que fazem parte de clubes que disputaram a série A1 do futebol brasileiro no ano de 2021 e 2022. As intepretações foram feitas através de análise temática. Como resultados, indicamos um caminho de profissionalização ainda incipiente, mas com mudanças significativas após a normativa da CONMENBOL. Ainda, é possível notar uma movimentação de clubes que estão disputando a série A1 do brasileiro, com maior presença de clubes tradicionais do futebol de homens, fazendo com que parte da profissionalização do futebol de mulheres se dê ancorada ao futebol de homens. No entanto, a profissionalização não necessariamente ratificou um cenário de valorização das mulheres no futebol. Ainda existe uma série de desafios a serem enfrentados. Tais desafios compreendem desde calendários nacionais e locais de competição que permitam às equipes se estruturarem para a atuação o ano todo a estrutura oferecida pelos clubes para o desenvolvimento da carreira. Além disso, a remuneração em forma de salário, a dedicação exclusiva às competições de futebol de campo e uma diminuição na incidência da existência da dupla carreira no esporte também são tendências que se inverteram na última década. A presença de contratos ainda não é prevalente entre as atletas, de modo que sua integração ao mercado de “pés-de-obra” tem comprometido garantias e alguns direitos.