O nivelamento da curva de Spee (COS) tem sido proposto na literatura e na prática clínica como uma das características da arcada dentária necessárias para atingir os objetivos de um tratamento ortodôntico. Muitas pesquisas clínicas têm sido publicadas relacionando características dentoesqueléticas com diferentes profundidades da curva de Spee, assim como a recidiva do nivelamento após o término do tratamento ortodôntico. Partindo desse pressuposto, o objetivo deste estudo foi analisar, por meio de revisão sistemática e meta-análise, quais características dentoesqueléticas estão associadas à profundidade da curva de Spee; assim como, avaliar o padrão das contrações do músculo masseter superficial, por meio de análise eletromiográfica, durante atividades dinâmicas do sistema estomatognático em indivíduos portadores de curva de Spee suave. Para responder à pergunta da revisão sistemática, as bases PubMed (MEDLINE), Scopus, Web of Science, The Cochrane Library, Virtual Health Library e GoogleScholar foram pesquisadas até Setembro/2021. Avaliações de risco de viés foram realizadas usando as ferramentas descritas por Fowkes anf Fulton. Em relação à avaliação eletromiógrafica (sEMG), 30 indivíduos portadores de curva de Spee suave (<2mm) tiveram os sinais de sEMG dos músculos masseter superficial coletados em condições diferenciadas de atividade muscular: posição de repouso mandibular, mastigação habitual, mastigação direita, mastigação esquerda, força máxima voluntária de mordida (FMVM) e 30% da FMVM. Estatística descritiva foi apresentada para os valores normalizados de amplitude RMS e força de mordida. O teste ANOVA one-way com análise post-hoc de tukey (α = 0,05) foi usado para avaliar as diferenças de recrutamento entre índices de lateralidade nas diferentes tarefas de mastigação. Correlação de Pearson foi realizada entre os dados de lateralidade e profundidade da curva de Spee. A revisão sistemática e meta-análise evidenciou a influência da maloclusão dentoesquelética de Classe II, Classe III, sobremordida profunda e padrão esquelético hipodivergente sobre a profundidade da COS. As análises de lateralidade mostraram que as diferenças foram significativas entre as hemifaces para as tarefas de mastigação direita e mastigação esquerda (p <0,0001). Ainda que assimetrias sejam encontradas, não houve relação entre os índices de lateralidade muscular e a profundidade da curva de Spee.