Os deslocamentos populacionais e todos os fatores relacionados a esse fenômeno são importantes na constituição do espaço geográfico. Dentro da mobilidade populacional, tem ganhado destaque o movimento pendular para trabalho ou estudo. No movimento pendular para fins educacionais, encontra-se o deslocamento cotidiano de estudantes do Ensino Superior. Estes acontecem entre o local de suas residências e as sede dos municípios em que se encontram suas Instituições de Ensino Superior - IES. Nessa perspectiva, o objetivo geral deste trabalho é analisar os movimentos pendulares e suas consequências no deslocamento diário de estudantes de graduação de Aurora (CE) para as cidades sede das suas respectivas IES, motivados pelas políticas recentes de democratização e interiorização do Ensino Superior no Brasil. Trata-se de uma pesquisa de natureza mista, por mesclar tanto o método quantitativo quanto o qualitativo, e de caráter exploratório, por ser um estudo de caso. Para a discussão das 03 (três) primeiras seções, foi realizado levantamento do referencial teórico conceitual sobre migrações e movimentos pendulares no Brasil, Nordeste e Semiárido; Políticas e Programas de Expansão e Interiorização do Ensino Superior no país, com foco para as cidades de Cajazeiras (PB), Crato (CE) e Juazeiro do Norte (CE); pesquisas e coleta de microdados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE; estudo da Divisão Regional do Brasil em Regiões Geográficas Imediatas e Regiões Geográficas Intermediárias (IBGE, 2017) e do Relatório da Pesquisa de Regiões de Influências das Cidades (REGIC, 2018), a fim de caracterizar a hierarquia e a rede urbana dos municípios receptores dos municípios estudados. A pesquisa empírica se dividiu em duas etapas: aplicação de questionário socioeconômico para traçar o perfil dos estudantes e entrevista semiestruturada para análise dos agentes intervenientes da mobilidade pendular diária. Os achados corroboram a hipótese levantada na pesquisa de que o público praticante de movimentos pendulares diários apresenta características socioeconômicas frágeis com renda mensal familiar de até 02 (dois) salários-mínimos são, em maioria, do gênero feminino, provenientes de escola pública e vê o movimento pendular como alternativa de acesso ao Ensino Superior. Todavia, sujeitam-se aos deslocamentos diários com exaustivas horas de duração, expostos a riscos, intempéries naturais e cansaço que acabam por dificultar a vida acadêmica.