A educação brasileira é marcada por resultados insatisfatórios nas avaliações
externas, o que implica na real necessidade de construção de políticas públicas
contínuas e de estratégias metodológicas que visem sanar essa fragilidade. Para
muitos, a educação é um caminho para transformar as realidades sociais difíceis, a
exemplo dos alunos oriundos do campo, que percorrem caminhos ímprobos para
conseguirem sucesso escolar. Diante disso, o presente estudo tem por objetivo geral
analisar o processo de escolarização dos alunos oriundos de escolas do campo, no
que diz respeito aos possíveis sucessos escolares em instituições urbanas de
ensino fundamental (anos finais) e ensino médio, no município de Marcelino Vieira,
no Rio Grande do Norte, no período de 2016 a 2022. A pesquisa é de natureza
qualitativa. Quanto aos objetivos, configura-se como explicativa. Utiliza como
procedimentos o Levantamento/Survey, a pesquisa bibliográfica, documental e de
campo, somados ao método indutivo. Os instrumentos para a obtenção de dados
foram: coleta de documentos, roteiro de observação direta, entrevistas
semiestruturadas e questionários. As entrevistas e os questionários foram
analisados por meio da técnica de Análise de Conteúdo (AC), da autora Bardin
(2011). Para tanto, o lócus são três instituições educacionais pertencentes à rede
pública de ensino: duas localizadas no município de Marcelino Vieira (municipal e
estadual) e uma, no município de Pau dos Ferros (federal), todas situadas no estado
do Rio Grande do Norte. A população do estudo é composta por 5 alunos moradores
de áreas rurais do município de Marcelino Vieira: 3 do sexo feminino e 2 do sexo
masculino, com a faixa etária entre 17 e 19 anos de idade. Como fundamentação
teórica, utilizamos teóricos que pesquisam sobre educação do campo, sucesso
escolar, emancipação e direito à educação, com destaque para Bem e Silva (2019,
2020), Bergier e Xypas (2013), Bourdieu (2015), Caldart (2020), Charlot (2000),
Freire (2018, 2019a, 2019b), Frigotto (2012), Fernandes (2012), Leite (2002), Viero e
Medeiros (2018), Santana (2022), Santos (2020). Os resultados apontam que o
processo de transferência das escolas do campo para as escolas urbanas, realizado
com o objetivo de dar continuidade escolar e de obter melhores práticas de ensino, é
o primeiro desafio enfrentado pelos sujeitos do campo, processo esse que muitos
não conseguem superar. Logo, concluímos que, mesmo diante de situações
desfavoráveis, as quais tornaram o processo de escolarização dos sujeitos do
campo mais árduo, foi possível a obtenção do sucesso escolar sem interrupções
(abandono ou reprovação) por parte de um pequeno grupo de alunos, ao mesmo
tempo que a escolarização foi identificada na fala desses sujeitos como uma “porta”
para a obtenção de futuros melhores e transformação social.