A presente dissertação objetiva analisar as experiências do homem bailarino em uma sociedade cis-heteronormativa. Para isso, buscamos compreender como se deram e como se dão os constructos socioculturais acerca do gênero e da sexualidade, analisando os modelos de masculinidades e feminilidades, mais especificamente, os seus impactos na vida de bailarinos homens, dentro e fora do meio artístico no qual estão inseridos. Ao compreender que socialmente existem construções aparentemente determinadas enquanto femininas ou masculinas, procuro refletir os modos que essas construções de masculino e feminino, de homem e mulher, atravessam a vida de bailarinos clássicos que atuam profissionalmente na região metropolitana do estado do Espírito Santo/BR. Para atender os objetivos desta pesquisa, foi realizada uma revisão da literatura em um recorte entre os anos 2003-2023, e por meio do percurso metodológico de História de Vida foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com quatro bailarinos clássicos. Acerca da análise dos dados, optamos pela análise temática dialógica, um método analítico qualitativo dinâmico e flexível, junto a aposta metodológica de pesquisas com o cotidiano, que compreende a importância das falas de cada pessoa que compõe a pesquisa. Os resultados demonstram que, no contexto o qual ocorreu o estudo, ainda persiste a associação do balé clássico à feminilidade e/ou à homossexualidade. Foi possível observar, também, que dos mesmos modos que permanecem as percepções de gênero e sexualidade na prática do balé, há uma preocupação em garantir uma performance cis-heteronormativa durante os espetáculos e apresentações, independente da real sexualidade do bailarino.