Entre mulheres, a trajetória para assumir o comando de equipes esportivas é árdua e muitas vezes inviabilizada por barreiras históricas e sociais de gênero, o que acaba as afastando de tentar seguir a carreira de treinadora. A literatura informa alguns empecilhos que dificultam a ascensão e a permanência de mulheres treinadoras, que envolvem desde questões de rotina, como falta de tempo, a questões econômicas, como baixo salário. Essas barreiras configuram desigualdades de oportunidades entre homens e mulheres, o que indica que existe uma questão de gênero que deve ser estudada no contexto da formação das treinadoras. Considerando que essas diferenças de gênero interferem também na inserção de mulheres na profissão, o objetivo desse estudo foi analisar os diferentes agenciamentos diante das desigualdades de gênero no reconhecimento de estudantes de educação física como treinadoras de futsal/futebol. Para tanto, analisamos trajetórias de mulheres que se reconhecem e que buscam a profissão de treinadoras, bem como as daquelas que não se reconhecem nessa carreira. Participaram do estudo 6 mulheres estudantes do curso de educação física de diferentes faculdades situadas na Grande Vitória. Os instrumentos utilizados para produção de dados foram entrevistas individuais semiestruturadas e um grupo focal. Os resultados mostram que as participantes acreditam que gênero interfere no reconhecimento com a profissão de treinadora. Como principais barreiras foram apontadas: a falta de representatividade; as experiências negativas com o esporte e/ou com o treinador; a baixa remuneração; e o machismo. Como principais apoios, as participantes destacaram a presença de um treinador ou treinadora como referência e ter sido atleta.