A presente dissertação consiste em dois estudos e dois produtos técnicos. O estudo 1 é uma revisão com mineração de dados de artigos provenientes de uma busca sistemática em 6 bases de dados para analisar o conhecimento de gestantes e profissionais da saúde sobre saúde bucal (SB) na gestação. Dados bibliométricos (ano de publicação e país) e do estudo (população, desenho, instrumento utilizado para avaliação e nível de conhecimento avaliado) foram coletados e analisados por meio dos softwares VantagePoint® e Microsoft Office Excel 2010®. De 5.216 artigos, 85 foram incluídos (publicados de 1964 a 2023). O Brasil é o país com maior número de publicações (n=24; 27,9%). Dentre os participantes, a maioria foi de gestantes (n=42; 49,4%), seguidas por dentistas (n=19; 22,3%), ginecologistas/obstetras (n=14; 16,4%) e enfermeiros obstetras (n=13; 15,2%). Estudos transversais foram os mais frequentes (n=80; 94,1%), com questionários como instrumentos mais utilizados (n=69; 80,2%). Em 29 (69%) estudos, o conhecimento das gestantes foi considerado ruim e, entre os profissionais de saúde, os dentistas apresentaram o maior nível de conhecimento (n=6; 31,6%). O estudo 2 desenvolveu, validou um instrumento e avaliou a influência de fatores socioeconômicos, culturais, demográficos e gestacionais sobre o nível de conhecimento, práticas e atitude de gestantes acompanhadas na Maternidade Escola da UFRJ frente a questões de SB materno-infantil (SBMI). Os dados foram obtidos por meio de um questionário, em que variáveis como renda familiar, dados sociodemográficos, escolaridade, histórico da gestação, conhecimento sobre SBMI, práticas de higiene, de consumo de açúcar, de frequência de ida ao dentista e a influência do medo a esse profissional foram analisadas. Pontuações foram atribuídas para as questões (n=7) de conhecimento (0-7) e para as de práticas/atitude (n=5) (0-5), classificados como baixo (SBMI ≤3) ou alto (SBMI >4) e negativas (pontuações <4) ou positivas (pontuações ≥4), respectivamente. Regressões lineares múltiplas foram conduzidas. Para validação estrutural e de estabilidade, foi realizada uma análise fatorial exploratória (AFE) e o índice de correlação intraclasse (ICC). AFE demonstrou validação de dois constructos de conhecimento (n=7 questões) e um de práticas/atitude (n=5 questões); e o ICC variou de 0,669 a 0,780 para o conhecimento e de 0,770 a 0,921 para práticas/atitude. Das 245 gestantes (29,6±6,8 anos), a maioria era multípara (n=153; 62,4%), com ganho de 1 a 2 salários-mínimos (n=118; 48,2%), e cursaram até o ensino médio (n=142; 58%). O baixo conhecimento para SBMI foi mais frequente (n=148; 60,4%) e foi associado às multíparas (p=0,02) e àquelas com menor nível de escolaridade (p<0,05). Das participantes, 156 (63,7%) escovavam os dentes no mínimo 3×/dia, 95 (38,8%) ainda não tinham ido ao dentista na gestação, cujo medo foi relatado (72; 29,4%). Gestantes que foram ao dentista tiveram práticas/atitude mais positivas (p=0,000) em SB e maior escolaridade (p<0,05). Os produtos 1 e 2 foram desenvolvidos como ferramentas de orientação em SB para gestantes/cuidadores e profissionais de saúde, através da criação de uma página no Instagram® (@clibin.ufrj) e um capítulo de e-book (disponível no Repositório Institucional da UFRJ), respectivamente. Em outubro/2023, a página no Instagram apresentava 672 seguidores e o e-book 449 downloads. Conclui-se que nos últimos anos, um baixo conhecimento de gestantes e profissionais da saúde sobre SB é reportado na literatura mundial; o que não foi diferente em relação ao conhecimento sobre SBMI das gestantes avaliadas no estudo 2, por meio de um questionário que demonstrou ser válido e confiável, onde se observou influência direta da multiparidade e do baixo nível de escolaridade. Em acréscimo, a ida ao dentista na gestação e maior nível escolar foram preditores de práticas/atitude positivas dessas participantes, enfatizando ainda mais a importância das novas tecnologias de orientação criadas, para promoção de SB de gestantes.