O objetivo da presente dissertação foi analisar os efeitos das variáveis contextuais na dinâmica de ocupação dos espaços e no desempenho físico de jogadores profissionais do futebol brasileiro a partir dos dados posicionais. Além disso, objetivou-se investigar os efeitos independentes e interativos de variáveis contextuais (tempos de jogo, qualidade do adversário, local do jogo, status do jogo) na organização espacial do time durante partidas oficiais no futebol profissional. Quarenta e oito jogadores de campo masculinos foram observados durante 22 partidas durante toda a temporada. Os dados posicionais foram obtidos usando dispositivos do sistema de posicionamento global (10 Hz). Foram calculadas as seguintes variáveis: superfície da equipe; distâncias entre os centroides das linhas de meio-campo defensivo, meio-campo-ofensivo e defensivo-ofensivo; largura; comprimento; e relação comprimento por largura. Os principais resultados foram: i) variáveis relacionadas à organização espacial da equipe não foram influenciadas pelos tempos de jogo (1º x 2º tempo) (p>0,05); ii) partidas disputadas contra adversários fracos apresentaram maiores distâncias entre os centroides das linhas defensivas e ofensivas (p=0,03) e distâncias entre os centros das linhas defensivas e do meio-campo (p=0,03) do que as partidas contra adversários fortes; iii) os jogos fora de casa apresentaram maiores valores de distância entre centroides das linhas defensiva e do meio-campo (p=0,01), distância entre centroides das linhas defensiva e ofensiva (p=0,01), comprimento da equipe (p=0,02) e comprimento relação por largura (p<0,001) em relação aos jogos em casa; iv) em geral, quando o time de referência estava perdendo as partidas, foram observados maiores valores de organização espacial do time em comparação com quando o time estava ganhando as partidas (p<0,05). No que se refere ao desempenho físico objetivou-se: i) descrever a carga externa semanal de acordo com a dificuldade contextual do jogo (com base no local do jogo e na qualidade do adversário) e na posição de jogo ao longo da competição; ii) comparar a carga externa entre baixa e alta dificuldade contextual de jogo em jogadores profissionais de futebol. Dezoito jogadores profissionais foram monitorados usando unidades de sistemas de posição global e acelerômetros durante 13 semanas durante a competição por meio de observações individuais. Jogadores que jogaram ≥ 60 minutos durante semanas não congestionadas foram considerados para análise dos dados. As variáveis analisadas foram distância total, distância total percorrida em corrida de alta velocidade (19,8-25,1 km·h-1), distância total percorrida em corrida de velocidade (≥ 25,2 km·h-1), distância total percorrida em alta aceleração (> 2 m·s2), distância total percorrida em alta desaceleração (< -2 m·s2) e player load. As dificuldades contextuais da partida foram classificadas com base nas pontuações atribuídas ao local da partida e à qualidade do adversário, incluindo dois contextos: “alto” (ou seja, pontuação total > 10) ou “baixo” (ou seja, pontuação total ≤ 10). Os resultados revelaram que os maiores valores de carga externa foram verificados na semana intermediária (e.g., MD-3) e os menores valores na semana final (e.g., MD-1). Os laterais e os meio-campistas externos/centrais apresentaram maiores demandas físicas semanais durante a competição. Em contraste, os zagueiros e os atacantes apresentaram os menores rendimentos de corrida. Os modelos lineares mistos revelaram valores significativamente maiores para a carga externa (p < 0,001 – 0,030) em baixa dificuldade contextual de jogo do que alta dificuldade contextual de jogo na carga semanal total, MD-4, MD-3 e MD-2. Maiores medidas de volume baseadas na distância e trabalho mecânico foram encontradas durante a alta dificuldade contextual da partida no MD-3 e MD-1 em comparação com a baixa dificuldade contextual da partida (p < 0,001 – 0,020). Concluiu-se então que em termos organizacionais jogar contra adversários fracos, jogar fora de casa e perder a partida foram os fatores contextuais que aumentaram os valores de organização espacial da equipe e em termos físicos que a carga externa semanal variou consideravelmente de acordo com a dificuldade contextual da partida. Portanto estes resultados fornecem insights para treinadores e cientistas esportivos sobre os efeitos das variáveis contextuais na dinâmica de ocupação dos espaços e na programação de cargas externas semanais.