Os arbovírus (“Arthropod-borne viruses”) são ecologicamente distintos de outros patógenos, pois em seu ciclo de transmissão estão envolvidos vetores hematófagos (artrópodes), animais hospedeiros e animais reservatórios. A vigilância de epizootias, nos equídeos, através da sorologia, pode contribuir para a eficiência da detecção precoce desses agentes infecciosos, pois são bons animais sentinelas. Nesse sentido, por meio de um estudo epidemiológico transversal, buscou-se avaliar a prevalência total de anticorpos (IH) de equídeos para quatro gêneros virais zoonóticos, frequentemente, associados a síndromes neurológicas: Orthobunyavirus, Orthoflavivirus, Phlebovirus e Alphavirus. Foram amostrados 377 animais, dentre 8 municípios do Piauí: Água Branca, Amarante, Barro Duro, Lagoa Alegre, Parnaíba, Piripiri, Teresina e Valença do Piauí. Entre 2019 e 2021. Mais de 75% das amostras de soro foram positivas para qualquer um dos gêneros virais pesquisados. Os gêneros mais prevalentes foram: Orthoflavivirus, Orthobunyavirus e Alphavirus respectivamente. Não houve amostra reagente para Phlebovirus. 16,43% foram reações monotípicas e 2,09% soroconversão. Pode-se afirmar que ILHEV, SLEV, ROCV, MAGV, TCMV, CARV e EEEV têm infectado equídeos no Piauí, Nordeste, Brasil. Foram realizadas análises univariadas e multivariadas com intuito de verificar associação entre as variáveis preditoras e a desfecho (p<0,05 e intervalo de confiança de 95%), além da análise de chances de exposição (Odds ratio). De efeito, esse é o primeiro relato que evidencia a circulação silenciosa e distribuição desses patógenos no nordeste brasileiro para Equus caballus, Equus asinus e híbridos. Uma vez que não há relatos de epizootias nessas populações animais, juntamente com a presença de infecções assintomáticas ou subclínicas no referido período. Dentro de uma abordagem em saúde única, espera-se que este artigo possa alertar autoridades de saúde pública brasileiras para a implementação de diagnósticos de rotina para outros arbovírus (não-dengue, Zika e Chikungunya) negligenciados.