O extrativismo ainda é bastante praticado pelas populações estuarinas e costeiras paraense. Desde 2004 há relatos que os bancos naturais estão com redução desses moluscos devido a extração depredativa, a qual não considera o tempo de recuperação dos mesmos. Há de se considerar também que as ostras são bastante perecíveis, podendo ser infectadas por bactérias patogênicas, sendo exemplos de fontes de infecção por Samonella spp. em humanos quando consumidos in natura.Este estudo faz parte de uma tese composta pelo capítulo 1, que se trata sobre o extrativismo de ostras (Crassostrea spp.) na Amazônia: caracterização e percepção dos extrativistas sobre a conservação dos bancos naturais. E no capítulo 2, trata-se de um estudo de Detecção molecular de Salmonella spp. em ostras (Crassostrea spp) experimentalmente contaminadas. No capítulo 1, para alcançar os extrativistas que
atuavam na região, foi aplicado o método de amostragem do tipo bola de neve, sendo entrevistados 38 extrativistas, as entrevistas ocorreram no período de setembro de 2019 a janeiro de 2020. A maioria era de homens (78,9%), chefes de família (84,2%) e metade deles era maior de 40 anos (50%). Grande parte (94,7%) residem na cidade de Curuçá, e 36,8% trabalham de 7 a 11 anos na atividade. A atividade é a principal fonte de sustento para 65,8% dos extrativistas e nenhum deles possui licença ambiental. A maioria (62,2%) relatou nunca ter recebido qualquer treinamento referente à coleta de ostras, contudo 84,2% afirmaram ter interesse em receber. Quanto a problemas de saúde relacionados ao trabalho, 61,1% afirmaram não ter tido nenhum tipo, e (16,7%) tiveram cortes no corpo. Dentre os bancos de ostra o mais explorado no momento é o de Marauá (45,7%), e o banco Frente da vila de Lauro Sodré (47,5%) era o mais utilizado. A falta de treinamento foi um fator de risco para coleta durante a estação chuvosa (OR=1,52), enquanto que ter recebido treinamento foi um fator de proteção para a coleta de sementes (OR=0,64). Portanto, esse estudo revela há necessidade de estimular os extrativistas, a se organizarem em associações ou cooperativas, juntamente com apoio de políticas públicas de fomento para que possam receber capacitações voltada à extração de ostras, sem sobre explorar os bancos naturais, realizando uma extração de forma sustentável. No capítulo 2, o objetivo da pesquisa foi propor uma Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), para identificação da presença de Salmonella spp. em tecidos de ostras cruas, como alternativa ao método convencional. Primeiramente foi realizada a contaminação experimental das ostras, com 1, 2 e 3 UFC/250ml de Salmonella spp. a fim de simular a contaminação real e detectar a sensibilidade da técnica, bem como aplicar o
protocolo da PCR convencional proposta. Nossos resultados demonstraram que a PCR convencional proposta, foi capaz de identificar a referida bactéria, quando as amostras estavam contaminadas com uma concentração inicial de 1UFC/250ml a partir de 8h de pré-enriquecimento. Dessa forma a metodologia proposta é eficiente,se apresentando como uma excelente alternativa ao método convencional, para detecção de Salmonella, demonstrando ser de custo acessível de fácil aplicabilidadee rápido.