Esta tese teve como objetivos: abordar sobre o uso de aditivos naturais como moduladores do processo de fermentação ruminal e sua influência nas características de carcaça e qualidade da carne (Capítulo I); avaliar os efeitos de doses crescentes de oleorresina de copaíba e casca seca de barbatimão em associação com dietas contendo diferentes proporções de concentrado sobre o perfil de ácidos graxos do rúmen em um ensaio de fermentação ruminal in vitro (Capítulo II); avaliar a inclusão da oleorresina de copaíba na dieta e seus efeitos sobre as características de carcaça e qualidade da carne de cordeiros terminados em confinamento (Capítulo III); determinar os possíveis efeitos de aditivos naturais elaborados a partir da casca de barbatimão sobre as características de carcaça e qualidade da carne de cordeiros terminados em confinamento (Capítulo IV). O Capítulo
I foi baseado em estudos publicados na literatura que relatam sobre os biocompostos de plantas como moduladores ruminais e seus possíveis efeitos sobre as características de carcaça e qualidade da carne. Constatou-se que estes compostos possuem potencial de uso na nutrição de ruminantes, pois melhoram o processo de fermentação ruminal e a qualidade final dos produtos, o que se deve às suas propriedades antimicrobianas e antioxidantes. No Capítulo II, foram realizados dois experimentos in vitro, onde avaliou se quatro níveis de oleorresina de copaíba: (OC0 - 0 µl de OC/100 mg de MS incubada; OC1 - 0,060 µl de OC/100 mg de MS incubada; OC2 - 0,120 µl de OC/100 mg de MS incubada e OC3 - 0,180 µl de OC/100 mg de MS incubada) e quatro níveis de casca moída de barbatimão (CB0 - 0 g de CSB/100 mg de MS incubada; CB1 - 0,00013 g de CSB/100 mg de MS incubada; CB2 - 0,00020 g de CSB/100 mg de MS incubada e CB3 - 0,00027 g de CSB/100 mg de MS incubada) em dietas com teores crescentes de concentrado (20; 50 e 80%) sobre o perfil de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) do rúmen. A proporção
molar de propionato decresceu linearmente em função dos níveis crescentes de OC e CSB (P<0,05). A relação acetato:propionato aumentou linearmente em função do aumento dos níveis de CSB (P=0,029). A concentração total de ácidos graxos não foi afetada pelos tratamentos avaliados (P>0,05). Neste estudo in vitro, as bactérias produtoras de propionato foram as mais afetadas, demonstrando que a inclusão dos biocompostos presentes na oleorresina de copaíba e casca seca de barbatimão não foram capazes de substituir a lasalocida sódica e melhorar os processos benéficos da fermentação ruminal. 2 No capítulo III, vinte e quatro cordeiros da raça Pantaneira com 152 dias de idade e 21,2 ± 3,9 kg de peso corporal inicial foram distribuídos em um delineamento de blocos
casualizados com três tratamentos (LAS - 0,019 g de lasalocida sódica/kg da dieta; OC05 - 0,5 ml de oleorresina de copaíba/animal/dia; OC1 - 1,0 ml de oleorresina de copaíba/animal/dia) e oito repetições. O peso de carcaça quente, peso de carcaça fria e o rendimento de carcaça fria foram superiores (P<0,05) em LAS e OC1 em comparação a OC05. As carcaças oriundas de LAS apresentaram maior estado de engorduramento (P<0,05) em comparação à OC05. As inclusões de OC05 e OC1 na dieta reduziram (P<0,05) os valores referentes ao pH final das carcaças. A concentração de ácido graxo gondóico (C20:1), eicosadienóico (C20:3n-3) e di-homo-α-linolênico(C20:2n-6)
diferiram em função da adição de OC na dieta. No geral, a concentração destes ácidos graxos na carne foi maior com a adição de LAS quando comparado à OC05 e OC1. Os demais parâmetros relacionados ao perfil de ácidos graxos da carne não foram afetados pelos tratamentos (P>0,05). Os resultados deste estudo indicaram que a oleorresina de
copaíba pode substituir a lasalocida sódica na dieta de cordeiros em terminação sem causar impactos negativos sobre as características de carcaça e qualidade da carne. Quanto ao Capítulo IV, vinte e quatro cordeiros machos não castrados da raça Pantaneira com peso corporal inicial de 21,2 ± 3,6 kg e 150 ± 4,5 dias de idade foram distribuídos em um delineamento em blocos casualizados com três tratamentos: 1,50 g/animal/dia de casca seca de barbatimão (CSB); 0,300 g/animal/dia de extrato hidroalcóolico da casca de barbatimão (EHB) e 0,018 g/animal/dia de lasalocida sódica (LAS). As características de carcaça não foram influenciadas (P>0,05) pelos tratamentos, exceto o grau de acabamento (P=0,010), onde LAS apresentou valores superiores a EHB, mas semelhante à CSB, que por sua vez não se diferiu do EHB. Os parâmetros de qualidade da carne como cor da carne foram influenciados pelos tratamentos, onde os valores de intensidade de amarelo e Hue angle de LAS e CSB foram superiores aos de EHB (P<0,05). Em relação ao perfil de ácidos graxos da carne, não houve diferença entre os tratamentos (P>0,05).
Com base nisso, este estudo demonstrou que os aditivos naturais oriundos da casca de barbatimão podem substituir a lasalocida sódica sem impactar negativamente as características da carcaça e qualidade da carne de cordeiros