Este estudo teve como objetivo analisar a construção subjetiva do processo identitário de estudantes pardos da Universidade Federal da Grande Dourados - UFGD, buscando compreender como eles enxergam o seu pertencimento racial. Os impactos das cotas raciais no reconhecimento da identidade e no acesso à universidade foram levados em consideração, uma vez que o ingresso no ensino superior é uma oportunidade para discutir e compreender a si mesmo. Para realizar essa análise, foi utilizada uma abordagem qualitativa de pesquisa, utilizando de um roteiro semiestruturado, entrevistando quatro estudantes dos cursos de Ciências Biológicas, Geografia e Medicina. O objetivo foi obter relatos e experiências sobre a construção da identidade racial desses indivíduos, analisando como esse processo se desenvolveu antes e depois de entrarem na universidade. Foi fundamental contextualizar a construção da identidade racial no Brasil, principalmente a construção do conceito de "pardo", que engloba desde a mestiçagem até a integração dentro da negritude. Os dados coletados nas entrevistas revelaram que a identificação com a negritude é um processo subjetivo, construído a partir das experiências de discriminação racial e de politização da identidade vividas pelos estudantes. Os relatos mostraram que, ao serem considerados pardos, eles eram frequentemente questionados ou afastados da sua negritude, o que resultava em um não reconhecimento de sua identidade como negros. No entanto, após ingressarem na universidade e se envolverem em coletivos negros, esses estudantes começaram a compreender a autodenominação como "preto" como uma identidade muito mais ampla do que apenas cor ou raça. Essa nova perspectiva passou a ter um significado político, representando o reconhecimento da sua negritude e a luta contra o racismo. Apesar dos avanços nas discussões sobre identidade racial, a categoria identitária de "pardo" ainda ocupa um lugar ambíguo, quase como um estado de "não-lugar". Mesmo com a busca por uma identificação mais precisa, essa categoria ainda enfrenta desafios na sociedade, evidenciando a importância contínua de discutir e compreender os processos de formação da identidade racial.